A ARMA QUE SOBROU
O barulho veio primeiro.
Passos pesados.
Tiros abafados pelo vento seco da fazenda.
E depois — vozes.
— BURRO! — o segurança da porta do quarto gritava descendo a escada.
— VOCÊ FOI ENGANADO, SEU IDIOTA!
— O CHEFE VAI MATAR VOCÊ!
As palavras ecoaram pelo corredor, atravessando a madeira, batendo nas paredes.
Eloise abriu os olhos.
O teto não era conhecido.
As paredes também não.
Ali não era o quarto onde Lucas a havia colocado primeiro.
Outro cômodo.
Outra porta trancada.
Outra prisão.
Ela se sentou com esforço, o corpo pesado, a cabeça como se estivesse envolta em algodão e dor.
A primeira coisa que suas mãos fizeram não foi tocar a cama.
Nem o toque instintivo na cabeça.
Foi a mão sobre o ventre.
Ali.
Quieto.
Protegido.
— Eu preciso sair daqui… — ela sussurrou, com a voz rouca, quase sem som.
Ela olhou ao redor.
Porta trancada.
Mas havia um banheiro.
Pequeno. Branco. Desgastado.
Eloise se levantou devagar, apoiando na parede para não cair.