O COMEÇO DA FUGA
O corredor cheirava a madeira velha e terra molhada.
Thamires ria na cozinha — um riso doce demais, alto demais, calculado demais.
O segurança estava encostado no balcão, enorme, braços cruzados, prestando atenção nela como se o mundo tivesse parado só para ouvir sua voz.
Era exatamente isso que ela queria.
Enquanto isso, do lado de fora, na lateral da casa
Lorenzo corria abaixado, o coração batendo tão forte que parecia querer romper o peito.
Ele chegou ao galinheiro — farpas, cheiro de palha, o ar frio da manhã cortando a pele.
Márcia estava lá dentro, os pulsos amarrados pelo mesmo nó que tinha visto tantas vezes.
Ela levantou o rosto quando ouviu passos.
— Filho? — a voz dela veio baixa, em choque. — O que você vai fazer?
Lorenzo arregaçou as mangas, as mãos tremendo, tentando desfazer o nó.
— Nós vamos sair daqui. Agora.
— Se ficarmos… depois que eles matarem o José, vão destruir provas.
— E nós somos as provas.
Márcia ficou imóvel p