A Verdade na Mesa
A casa de Antônio Mello sempre parecia silenciosa demais de manhã.
O sol entrava pelas janelas altas, iluminando a mesa arrumada com cuidado — café quente, pão cortado em fatias perfeitas, um vaso de rosas brancas no centro.
Márcia estava sentada diante dele, os olhos baixos.
As mãos dela tremiam um pouco enquanto seguravam a xícara.
Ela não falava.
Não perguntava.
Não respirava mais alto do que devia.
Antônio mexia o café devagar, o metal da colher tocando a porcelana em um ritmo constante.
Tin.
Tin.
Tin.
A calmaria antes de alguma coisa quebrar.
O celular dele vibrou.
Ele não se apressou para atender.
Olhou o nome na tela primeiro.
Lucas.
Um pequeno sorriso — quase imperceptível — tocou o canto da boca dele.
Ele atendeu.
— Fala.
A voz de Lucas veio tensa, trêmula, pulsando adrenalina.
— Os planos mudaram. — disse. — Eu estou com ela.
— Boa garoto — Antônio falou com um sorriso no rosto.
Lucas continuou falando — rápido,