Peças em Movimento.
A sala de Augusto estava mergulhada em silêncio, quebrado apenas pelo tique-taque discreto do relógio. Ele permanecia de pé diante da ampla janela, observando a movimentação da Cidade Norte.
Quase onze da manhã. Um copo de whisky descansava firme em sua mão — mas não era dele que precisava. O que queimava não estava no álcool, e sim no peito.
Esperava Cláudia chegar, mas os pensamentos insistiam em voltar para ela. Eloise.
A imagem dela chorando, os olhos marejados encarando-o como se não o reconhecesse… aquilo o despedaçava. Augusto apertou os olhos, buscando conter a raiva de si mesmo. A humilhação tinha sido planejada como jogada, mas a dor que provocara nela estava longe de ser cálculo.
Pegou o celular com mãos pesadas, hesitantes. Digitou algumas palavras, apagou. Tentou de novo. Até que, respirando fundo, deixou os dedos escreverem o que o coração já gritava:
"Me perdoa, meu anjo. Sei que te destruí e que agora você me odeia. Mas no futuro… no futuro espero