Sombras no Horizonte.
O quarto cheirava a antisséptico, e o bip do monitor era o único som que quebrava o silêncio pesado. Carlos dormia profundamente, o rosto sereno, mas cansado.
Eloise se sentou devagar na cadeira ao lado da cama. Segurou a mão dele entre as suas, sentindo a pele fria e frágil, e respirou fundo antes de começar a falar.
— Oi, pai… sou eu. — murmurou, com um sorriso tímido, mesmo sabendo que ele não responderia. — Eu sei, parece bobo conversar com o senhor assim, mas eu preciso.
Passou o polegar sobre os nós dos dedos dele, como se buscasse transmitir força.
— Hoje eu tive uma entrevista… e o Heitor, lembra dele?. — os olhos marejaram, mas ela não parou. — Me deu uma oportunidade, pai. Não é como antes. É um emprego de verdade, na minha área. Eu… eu acho que é um recomeço.
Uma lágrima escapou, mas ela continuou, respirando fundo.
— O Heitor… ele acredita em mim. Disse que enxerga quem eu sou de verdade. — um sorriso frágil surgiu em meio às lágrimas. —