Heranças Amargas.
José Monteiro encarava o papel em suas mãos como se fosse uma sentença.
“Compatibilidade: 99,9%.”
O ar pesou. O mundo girou.
O nome ecoava como uma maldição.
Ele fechou os olhos por um instante, mas a memória o arrastou de volta ao passado.
Márcia.
Não eram lembranças doces. Não havia paixão.
O que lhe vinha à mente era a risada calculada, o brilho ganancioso nos olhos, a maneira como sempre parecia medir as pessoas pelo que poderiam lhe oferecer.
Nunca bastava. Nunca era suficiente.
E agora… descobria que dessa mulher viera um filho.
O peito de José se apertou. O DNA não deixava margem para dúvida.
Era sangue do seu sangue.
Ele folheou o relatório novamente, como se pudesse achar um erro, mas a informação estava lá: Márcia Cruz, hoje registrada como Márcia Mello.
Um detalhe que parecia pequeno, mas para ele gritava: mudança de nome era sempre tentativa de apagar algo… ou esconder um passado.
— Gananciosa, até hoje tentando mudar de pele