Jogo Perigoso.
Augusto ouvia em silêncio. As palavras dela entravam, mas não o tocavam. Ele também já havia se feito aquelas perguntas milhares de vezes — também já havia relembrado viagens, risos e os dias em que acreditava que tinha tudo. Mas nada, absolutamente nada, era capaz de apagar a cena que o destruiu: a traição.
Thamires continuava o espetáculo. Entre goles de whisky, a voz foi ficando embolada, os olhos marejados, as mãos trêmulas. Parecia vulnerável. Parecia frágil.
Quando Augusto se levantou, cansado da encenação, ela fez o mesmo. Cambaleou até ele, apoiando-se em seu braço como se fosse a única âncora que ainda lhe restava.
De dentro da bolsa, pegou a chave do carro, fingindo seguir para o estacionamento.
— Vai conduzir? — Augusto perguntou, a voz grave, observando-a vacilar nos saltos.
Ela balançou a cabeça, rindo sem humor. Mal conseguia se manter de pé.
— Quer se matar, Thamires? — ele retrucou, ríspido, os olhos estreitos.
Ela virou o rosto para ele, o sorriso manch