Mundo de ficçãoIniciar sessãoCamille e Adam ainda estavam se conhecendo, mas estavam se envolvendo rápido demais para dois corações feridos. E foi nesse terreno frágil que os fantasmas decidiram voltar. Camille estava abrindo a porta da clínica no dia seguinte, quando ouviu passos acelerados atrás dela.
— Camille, espera. Era Lucas.
Ela fechou os olhos, exausta.
— De novo, Lucas?
Ele engoliu seco, desesperado.
— Eu fiquei pensando no que você disse. Eu sei que você não quer mais nada comigo, mas… eu só queria explicar.
— Não, Camille interrompeu, eu não quero explicações. Eu quero distância.
Lucas avançou um passo, mas ela imediatamente recuou.
— Eu sei que você está com alguém. Ele disse, a voz falhando. Só queria… que você soubesse que eu ainda...
— Lucas, Camille cortou, por favor, vá embora.
Ele hesitou, sentindo o peso das palavras.
— Pineville é pequena. Eu não quero você por perto, não quero misturar meu passado com minha vida nova. Não quero confusão.
— Ele é tão importante assim? Lucas perguntou.
— Você o ama?
Camille abriu a boca, mas hesitou. Um segundo, dois. Para Lucas, aquele silêncio era a resposta. Para Adam que estava chegando naquele exato momento era outra coisa completamente diferente. Ele parou a passos de distância, sem que nenhum dos dois o visse.
— Eu não quero falar disso com você, Lucas. Camille disse, tensa.
Adam sentiu o coração apertar, como se alguém tivesse esvaziado o mundo dentro dele.
Lucas insistiu:
— Ama ou não ama?
Camille respirou fundo, tentando encontrar palavras.
— Isso não é da sua conta.
— Então você não vai responder?
— Não.
E Adam ouviu apenas o "NÃO" Foi como levar um golpe. Uma recusa. Uma escolha. Ele deu um passo para trás como se estivesse indo embora antes que ela o mandasse. Lucas, sem perceber nada, insistiu:
— Camille… Eu só quero a verdade. É tão difícil assim?
Camille finalmente explodiu:
— Lucas, por favor, vá embora! O que você precisava dizer já foi dito. E eu não quero você aqui.
Lucas recuou. Camille virou de costas, respirando fundo, tentando recuperar o controle quando viu Adam indo embora, o passo apressado, o ombro tenso, a cabeça baixa. O coração dela vibrou entre pânico e culpa. Fechou a porta da clínica, pegou a bolsa e foi atrás dele, o coração batendo no ritmo da urgência. Adam caminhava rápido, tentando fugir da dor que não queria sentir. Eu fui um idiota em achar que era recíproco. A cena martelava na mente dele. E foi nesse estado ele entrou em casa sem trancar a porta atrás de si.
Clara já estava lá dentro. Ela sabia onde Adam escondia a chave reserva. Ela entrou, andou até o quarto, tirou a roupa, deixou-a cair no chão, e se sentou na beira da cama dele, como se aquele lugar lhe pertencesse. Adam entrou no quarto com o rosto cansado, a alma mais ainda. E congelou.
— Clara? A voz saiu baixa, incrédula.
Ela levantou o olhar, perfeito na dose certa de fragilidade.
— Eu… não tinha pra onde ir. Disse, com a voz trêmula.
— Não sabia para onde fugir depois de tudo que aconteceu comigo. E… eu precisava de você.
Adam deu dois passos para trás.
— O que você está fazendo aqui?
— Eu estou destruída, Adam. Ela falou, deixando as lágrimas descerem. Eu não tenho ninguém. Eu só queria… ficar perto de você.
— Clara, se levanta. Agora. Ele ordenou, firme, mas sem gritar.
— Por favor… Só me deixa ficar.
Ele passou a mão no rosto, exausto.
— Clara… você não pode estar aqui. Eu não posso
— Porque é ela, né? Clara fechou os olhos, magoada. Porque você a ama.
Adam não respondeu. E o silêncio dele foi o suficiente para Clara vestir a derrota perfeita. Ela abaixou a cabeça, chorando.
— Clara, eu já disse, você não deveria estar aqui. Ele repetiu, mais firme.
Ela deu um passo à frente, a voz embargada, calculadamente frágil:
— Eu não tenho ninguém, Adam… só você. É tão errado assim pedir… um pouco de conforto?
Foi quando Camille chegou, bateu na porta, nada. Chamou o nome de Adam, silêncio. A ansiedade corroía cada parte dela. A porta não estava trancada, ela entrou sem pensar. Antes que Adam pudesse falar qualquer coisa, Clara agarrou a camisa dele na altura do colarinho e o puxou para a cama com força suficiente para fazê-lo perder o equilíbrio. O corpo dele caiu em cima dela, de forma totalmente involuntária.
— CLARA, PARA! Ele disse, tentando se levantar.
Mas ela passou os braços ao redor do pescoço dele, segurando firme, como se implorasse. Foi quando Camille encontrou a cena. Naquele breve segundo, Adam ficou travado, tentando desgrudar as mãos dela, o tronco inclinado para frente, um joelho apoiado na cama, o outro tentando sustentar o corpo para se levantar. A cena perfeita para uma interpretação errada. Clara nua encostada nele. O corpo dele próximo demais por pura física não por escolha.
Camille parou no corredor. Por dois segundos, ninguém respirou. Para qualquer pessoa entrando naquele momento… parecia uma traição. Parecia errado, parecia tudo aquilo que Camille mais temia. O olhar dela apagou na mesma hora, como se algo dentro tivesse sido arrancado com brutalidade.
— Camille… Adam sussurrou, finalmente se soltando das mãos de Clara. NÃO É O QUE VOCÊ...
Ela não deu tempo. Virou as costas. Descendo as escadas como quem foge de uma casa em chamas. Adam correu atrás dela, derrubando algo no caminho, tropeçando nos próprios passos.
— CAMILLE! Por favor! ESPERA! ME ESCUTA!







