Ana
O vento soprava forte, bagunçando meu cabelo e fazendo os galhos estalarem como se estivessem rindo da minha confusão. Eu continuei ali no chão, abraçada a mim mesma, tentando encontrar um fio de lógica. Mas cada vez que fechava os olhos, o rosto de Lex surgia diante de mim.
Eu lembrava do jeito que ele sorria de lado, da forma como os ombros dele roçaram nos meus no carro, do calor da mão dele segurando a minha quando tudo parecia desmoronar. Era um detalhe atrás do outro, como se meu cérebro insistisse em me provar que ele era real.
Mas então vinha a voz de Mark, suave, quase melosa, dizendo que eu nunca saí dali. E eu me perguntava: como eu posso confiar em mim mesma se a realidade parece tão dividida?
— Eu tô ficando louca... — murmurei, quase sem ar.
O silêncio da fazenda respondeu. Só o barulho distante de um grilo e o mugido de alguma vaca perdida no escuro. Eu olhei em volta, e tudo parecia tão familiar e ao mesmo tempo estranho. O campo onde eu tinha corrido tantas vezes