Ana
Eu continuei parada ali, no banheiro, igual uma criminosa surpresa pela polícia no meio do crime. Minhas mãos ainda estavam meio úmidas, minha respiração estava toda torta, e eu tentava pensar numa desculpa. Qualquer desculpa. Até uma péssima. Só precisava que fosse rápida.
Mas minha cabeça? Um caos total.
E o Lex lá, parado na porta, apoiado no batente, me olhando como se tivesse pego eu roubando os segredos do governo.
— Ana — ele repetiu — o que você tava fazendo?
Eu abri a boca, mas nada saiu. Nada. Nem um “é…” ou um “então…”. Só ar. Eu devia estar ridícula.
Antes que eu conseguisse juntar dois neurônios, ele suspirou e veio até mim.
— Eu vi você lavando as mãos com tanta força que eu fiquei preocupado — ele disse.
Ele se aproximou devagar. Muito devagar. Aquele tipo de aproximação que deixa a gente nervosa sem motivo.
Quando chegou perto o bastante, ele levantou a mão e passou a palma na minha testa.
Eu congelei.
— Sua testa tá suja de poeira… — ele comentou, franzindo o cenh