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Capitulo 6 - Baile da Fundação Moretti

Pov. Ethan

A noite estava perfeita — ao menos, era o que todos diziam. O salão principal do Hotel Grand Royal reluzia em ouro e cristal. Cada detalhe fora pensado para impressionar: os lustres cintilavam sobre o mármore polido, a orquestra tocava uma melodia suave e os convidados mais influentes da cidade circulavam em trajes impecáveis, exibindo sorrisos ensaiados.

Para Ethan Moretti, no entanto, tudo parecia… vazio. Enquanto observava o ambiente ao lado de Helena, sua noiva, a sensação era de estar cercado por aparências. Por promessas que não tinham alma.

Helena, vestida em um modelo prateado ajustado ao corpo, irradiava elegância. O cabelo loiro preso em um coque clássico, os brincos de diamante refletindo as luzes do salão. Ela era, sem dúvida, o tipo de mulher que qualquer homem admiraria. Mas, para Ethan, havia algo distante naquela beleza — uma frieza que não conseguia mais ignorar.

— Todos estão comentando sobre a nova filial da Moretti Corp em Milão, — disse ela, sorrindo para um grupo de empresários. — Você deve estar orgulhoso, amor.

Ethan forçou um sorriso. — Sim. É apenas o começo.

Mas sua mente estava em outro lugar.

Desde a manhã anterior, algo nele havia mudado. O reencontro com Isabella, sua nova secretária, reabriu feridas que ele jurava terem cicatrizado. Ver aquele olhar determinado, ouvir a voz dela chamando-o de “Sr. Moretti”, sentir a tensão que o ar carregava sempre que estavam no mesmo ambiente… Era como reviver um passado que jamais o abandonou. Ele tentou afastar os pensamentos, mas não conseguiu.

Nem mesmo o barulho das taças, o burburinho das conversas e o som distante da orquestra conseguiam silenciar o nome que ecoava em sua mente.

Isabella.

Horas antes do evento, Ethan quase desistira de ir. Mas Helena insistira.

— “É importante para a imagem da empresa, Ethan. E para nós.”

Agora, ele observava as pessoas ao redor, respondendo mecanicamente às perguntas, sorrindo para câmeras, fingindo um interesse que não sentia.

Foi quando ouviu uma voz feminina próxima à mesa de recepção. Aquela voz. Inconfundível.

O coração disparou antes que ele sequer se virasse. E então, lá estava ela.

Isabella.

Vestida em um tubo preto simples, de tecido acetinado, o cabelo solto em ondas que caíam sobre os ombros. Não havia brilho excessivo, nem maquiagem marcante — apenas ela, natural e serena, e ainda assim capaz de eclipsar tudo ao redor.

Ethan se viu preso àquela visão como um homem hipnotizado. Ela falava com um dos organizadores, segurando uma prancheta, os olhos atentos, o semblante profissional. Ethan percebeu: ela estava ali a trabalho.

— Ethan? — Helena o chamou, puxando-o de volta. — Você está me ouvindo?

— Claro. — respondeu ele, desviando o olhar rapidamente.

Mas o estrago estava feito.

Seu corpo reagira antes que a razão pudesse controlar. Apenas um olhar, e ele se lembrou de tudo: das noites em Florença, do perfume dela em sua pele, da risada que o desarmava.

— Com licença um instante, — disse, fingindo ir cumprimentar um parceiro de negócios.

Helena o observou desconfiada, mas não disse nada.

Ethan atravessou o salão, os olhos fixos nela. A cada passo, a tensão aumentava. Quando finalmente chegou perto o suficiente, ela o percebeu. O tempo pareceu parar.

— Sr. Moretti. — disse Isabella, formalmente, o tom controlado.

— Srta. Duarte. — respondeu ele, com um leve aceno.

Ambos sabiam que não estavam apenas trocando cumprimentos.

— Não esperava encontrá-la aqui. — ele continuou, tentando soar neutro.

— Fui chamada pela equipe de eventos para auxiliar na organização. Trabalho temporário.

Ela desviou o olhar para os papéis em mãos, tentando disfarçar o desconforto. Mas ele viu o tremor sutil nos dedos dela.

— Você parece… diferente. — murmurou.

— A vida muda as pessoas. — respondeu ela. — Algumas mais do que gostaríamos.

O olhar dela o atravessou, firme e triste. Ethan engoliu em seco, sentindo um nó na garganta. Antes que pudesse responder, uma voz feminina o chamou:

— Ethan!

Helena se aproximava, elegante e confiante. A expressão de Isabella mudou imediatamente.

— Helena, esta é a Srta. Duarte. — disse ele, com esforço. — Ela é a minha secretária.

— Prazer, então é você quem cuida da agenda do Ethan? Ouvir dizer que é muito competente — respondeu Helena, com um sorriso polido, mas o olhar avaliador.

Isabella manteve o sorriso profissional. — Apertou a mão dela com um sorriso controlado.

— Faço o possível para corresponder às expectativas.

— Ah, claro. — Helena inclinou levemente a cabeça. — Bem, continue assim. Ethan é exigente com quem o cerca. Nem todos conseguem acompanhar o ritmo dele

O tom dela soou casual, mas havia veneno nas entrelinhas. Ethan percebeu. Isabella também.

Ele quis tirá-la dali, afastar aquele constrangimento, mas sabia que não podia. Estava preso — entre a mulher que representava sua vida pública e a mulher que representava tudo o que ele realmente desejava.

— Foi um prazer revê-los. — disse Isabella, apressando-se. — Com licença, preciso checar o cronograma.

Ela se afastou rapidamente, desaparecendo entre os convidados. Mas a ausência dela pesou mais do que a presença.

Durante o jantar, Ethan mal conseguiu prestar atenção em qualquer conversa. Helena falava com outros executivos, trocava risadas, erguia a taça de champanhe. Ele apenas observava, perdido em pensamentos.Em certo momento, olhou em direção ao fundo do salão. Isabella estava lá, orientando garçons, ajustando detalhes das mesas. Mesmo em meio ao caos, ela parecia calma. E linda. Quando os olhares se cruzaram novamente, foi como um raio. Instantâneo. Perigoso. Ela desviou rapidamente, mas o dano já estava feito.

Mais tarde, durante o discurso oficial, Ethan subiu ao palco. Falou sobre a expansão da empresa, sobre oportunidades, sobre o futuro. Mas cada palavra era dita no piloto automático. Porque, no fundo, ele sabia que o verdadeiro futuro estava naqueles olhos que o observavam discretamente entre a multidão. Quando desceu do palco, Helena o abraçou e sussurrou ao ouvido:

— Perfeito, amor. Você estava incrível.

Mas ele mal ouviu. O coração dele estava do outro lado do salão.

Já era quase meia-noite quando o evento terminou. Os convidados começaram a se dispersar, e a equipe de apoio recolhia copos e toalhas. Ethan observou Isabella de longe, perto do terraço, e assim me aproximei dela.

— Isabella.

Ela virou-se devagar


— Não achei que fosse te ver aqui — Isabela disse.

— Nem eu. — respondeu. — Mas precisava. Eu disse.

Silêncio. Apenas o som do vidro sendo recolhido e a música suave de encerramento.

— Não devia estar aqui. — eu disse mais para mim, do que para ela.

— Então por que está?

Eu a olhei.

— Porque não consigo ficar longe.

— Você está noivo, Ethan. —  me lembrou, com a voz falhando.

As palavras dela foram uma faca. Ethan tentou se aproximar, mas ela deu um passo para trás.

Ele respirou fundo.

— Eu sei.

— Então faça o que homens noivos fazem. Volte pra ela.

— E finjo que você não existe? — perguntou, dando um passo à frente. — Que nunca existiu?

Senti o ar sumir dos pulmões.

— Foi você quem me ensinou a fingir.

A dor que vi atravessar o rosto dele foi como uma faísca — rápida, mas profunda.

Ele deu mais um passo, tão próximo que pude sentir o calor da respiração dele.

— Nada mudou, Isabella.

— Tudo mudou. — respondi, mesmo que minha voz tremesse. — Inclusive eu.

O silêncio entre nós era denso.

Cheio de tudo que não foi dito.

Então Helana apareceu no terraço.

— Amor, estão te procurando para as fotos. — disse, sorrindo, antes de notar minha presença. — Ah… Isabella, não sabia que estava aqui.

— Já estava de saída. — respondeu Isabella.

Mas antes dela cruzar a porta a chamei baixinho. — "Isabella..."

Ela saiu do terraço, deixando-o sozinho com Helena. Naquele instante, Ethan percebeu o quanto realmente havia perdido. E que nenhum império, por maior que fosse, seria capaz de preencher o vazio deixado por ela.

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