Jardim da mansão Moreau, fim de tarde
O sol já começava a se esconder atrás dos muros altos quando Cristal saiu para o jardim em busca de um pouco de ar. Estava exausta — não fisicamente, mas da tensão que parecia impregnar cada canto daquela casa.
Sentou-se no banco de pedra sob a pérgola coberta de heras, tentando acalmar os pensamentos, até ouvir os passos ritmados de salto se aproximando.
— “Soube que teve uma... conversa com a Emilly,” — disse Elena, parando ao lado do banco, o tom delicado como uma taça de cristal, mas com a borda afiada.
Cristal olhou para frente, evitando encará-la.
— “Se é disso que vai me acusar hoje, já pode economizar tempo.”
Elena sentou-se ao lado dela com um suspiro quase teatral.
— “Você sabe que ela é como uma filha pra mim, não sabe?”
Cristal respirou fundo.
— “É. Percebi. Principalmente pela forma como me trata desde o dia em que entrei aqui.”
— “Não leve para o lado pessoal, querida,” — disse Elena, com aquele falso tom maternal. — “Você