📍 NARRADO POR MURALHA
O motor roncava como fera engatilhada.
A noite era densa, pesada, cheirando a gasolina, pólvora e decisão. Eu subi na moto com o sangue fervendo, cada batida do coração um tambor de guerra batendo no compasso da morte anunciada.
Vi ela vindo.
Alana.
Fagulha.
Meu caos favorito.
O moletom preto marcava a curva dos ombros, a arma presa no coldre como se fizesse parte do corpo. A expressão era de quem já tava lá na frente, na hora do tiro, do grito, do sangue espirrando no asfalto.
Ela era poesia de guerra.
Eu tirei o capacete da garupa, girei no ar e joguei na direção dela.
— “Veste aí, Fagulha.”
Ela pegou no ar, sem nem piscar.
— “Hoje tu enterra de vez essa farda.”
Parei por um segundo, só pra olhar. Ela encaixando o capacete como se vestisse uma sentença.
E então falei.
Aquela porra da frase que ficou presa na garganta desde que ela voltou.
— “Hoje tu mata polícia, Fagulha…”
O olhar dela grudou no meu.
Firme.
Cortante.
— “…o que tu era até um