capítulo 72

📍 NARRADO POR MURALHA

O motor roncava como fera engatilhada.

A noite era densa, pesada, cheirando a gasolina, pólvora e decisão. Eu subi na moto com o sangue fervendo, cada batida do coração um tambor de guerra batendo no compasso da morte anunciada.

Vi ela vindo.

Alana.

Fagulha.

Meu caos favorito.

O moletom preto marcava a curva dos ombros, a arma presa no coldre como se fizesse parte do corpo. A expressão era de quem já tava lá na frente, na hora do tiro, do grito, do sangue espirrando no asfalto.

Ela era poesia de guerra.

Eu tirei o capacete da garupa, girei no ar e joguei na direção dela.

— “Veste aí, Fagulha.”

Ela pegou no ar, sem nem piscar.

— “Hoje tu enterra de vez essa farda.”

Parei por um segundo, só pra olhar. Ela encaixando o capacete como se vestisse uma sentença.

E então falei.

Aquela porra da frase que ficou presa na garganta desde que ela voltou.

— “Hoje tu mata polícia, Fagulha…”

O olhar dela grudou no meu.

Firme.

Cortante.

— “…o que tu era até um
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