capítulo 31

NARRADO POR ALANA

(a mulher que engole a dor com gosto de deboche)

“Não gosto de fardada.”

As palavras dele ainda tavam ecoando no quarto quando me sentei na beira da cama, os pés no chão, o sangue subindo no meu rosto mais rápido que qualquer tiro.

Fardada, é?

Engraçado…

Quando tava com a boca colada no meu pescoço, me chamando de “minha cúmplice”, ele não parecia enjoado da farda.

Abaixei a cabeça, respirei fundo.

Meus dedos fecharam o lençol com força.

Orgulho ferido tem gosto de sangue.

Mas eu aprendi a engolir.

Olhei ele jogado no sofá.

Camisa fora, peito exposto, braço por cima dos olhos como se o mundo não valesse mais nada.

E mesmo tentando parecer indiferente, ele tava mais tenso que policial encurralado em operação.

— “Não gosta de fardada…” — murmurei, só pra mim. — “Mas me perseguiu com a mira de quem já tava rendido.”

Levantei devagar.

Dei dois passos até o interruptor.

Apaguei a luz principal.

Ficou só a do abajur, aquela meia-luz que denuncia sombra e
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