capitulo 65

CAIO

A quebrada inteira já tava em transe.

Aposta gritando, vapor pulando, pivete batucando em tampa de panela. O galpão virou arena, a favela virou torcida, e no meio daquele caos —

lá vem ela.

Aziza.

Com aquele jeitão de quem carrega o mundo no olhar e o julgamento na sobrancelha arqueada.

Parou na minha frente, braço cruzado, cara fechada.

Nem piscou.

— “Sério isso, Muralha?” — ela soltou, seca. — “Tu vai deixar essa palhaçada acontecer?”

Soltei a fumaça do cigarro bem devagar, de propósito.

Porque Aziza me conhece.

E mesmo conhecendo… ainda tenta.

— “Palhaçada nada.” — falei, sem levantar a voz. — “Isso aqui é tradição.”

— “Tu vai mesmo deixar tua mulher sair no braço com o Diguinho, no meio do galpão, com metade da favela apostando em cima?”

— “Tu já viu alguém deixar a Alana fazer alguma coisa?”

Ela bufou, indignada.

— “Isso é coisa de macho idiota. Tu devia proteger ela, caralho.”

Aí eu ri.

Mas ri com gosto.

Daqueles que vem da barriga.

— “Proteger de quê, Aziza? Do quê
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App