Liz
Lavínia me lançou um olhar cortante, daqueles que prometem mais do que entregam. Mas sua opinião me era tão irrelevante quanto a poeira sob meus sapatos de grife. Eu não estava ali para cultivar laços de amizade com quem quer que fosse, minha missão era gravar a ferro e fogo na mente daqueles favelados que eu, Aurora Liz, não era filha de um traficante com uma ex-policial. Que ilusão patética.
— Vamos jantar, filha? Está com fome? — A voz de Any, tentando um tom maternal, me soava como um arranhão em um disco.
— Meu nome é Aurora Liz, e não "filha". — Respondi, a voz firme, sem vacilar.
— Eu sei que seu nome é Aurora Liz, afinal, fui eu quem o escolheu. Aurora foi em homenagem a sua avó, mãe do seu pai. — Ela insistiu, a melancolia em seus olhos quase me fez revirar os meus.
— Não sabemos se sou sua filha. Parem de se iludir com essa fantasia barata. — Minha paciência estava se esgotando, e eu nem havia começado a comer.
— Gente, que tensão. — Vini murmurou.
— Pai, s