Ryan
Chego da faculdade e vejo minha mãe com uma foto em mãos. Já imagino que foto seja: a única imagem da minha irmãzinha sequestrada, tirada ainda na maternidade, logo após o nascimento da Aurora.
Meus pais sofreram tanto, e a dor ainda reside em seus corações. Eu era apenas uma criança, com seis anos, mas cresci carregando essa mesma tristeza, a ausência de uma irmã. É dilacerante ver seus pais definharem na dor, a impotência de não poder confortá-los, as lágrimas silenciosas de minha mãe todas as noites no quarto que seria de nossa Aurora. Meu pai tenta ser o pilar da nossa família, mas sei que ele é o que mais sofre, consumido pela culpa de ter se envolvido com a desprezível Rafaela e a ter trazido para nossas vidas. Ele não tem culpa, ela nos enganou a todos com sua máscara de fragilidade. Odeio vê-lo se martirizar por algo que não foi sua responsabilidade.
— Mãe — chamo, a voz embargada.
— Oi, meu príncipe. Como foi na faculdade? — Any pergunta, com um sorriso forçado.