LORCAN
As chamas da fogueira crepitavam alto, iluminando os rostos marcados dos meus lobos. A noite carregava aquela energia ancestral que só a lua cheia podia trazer. Risadas, músicas improvisadas, o cheiro de carne assada e o farfalhar de corpos dançando descalços sobre a terra.
A vibração era quase palpável.
Minha matilha, mesmo depois de tudo que passamos, ainda sabia como celebrar. Não era sobre esquecer as perdas… Era sobre não permitir que elas nos matassem por dentro.
Caminhei entre eles, acenando aqui e ali. Os jovens brincavam, alguns apostavam seus últimos trocados em jogos de carta, e os mais velhos… bem, os mais velhos usavam a experiência para enganar os inexperientes.
— Isso é um golpe! — a voz indignada de Joe cortou o ar.
O jovem lobo estava de pé, encarando Cyrus, Bone e Marius com uma mistura de frustração e descrença. Os três riam, cartas nas mãos, como predadores satisfeitos após uma caçada fácil.
Balancei a cabeça, contendo um sorriso. Eles faziam isso toda lua cheia. E sempre tinha um idiota novo para cair.
— Mais uma rodada, garoto? — provocou Marius, já embaralhando as cartas com a destreza de quem sabia trapacear até de olhos vendados.
— Não. Prefiro ficar com o pouco que me resta de dignidade. — Joe recolheu suas moedas e se afastou, pisando duro como um filhote ferido.
Os três riram alto.
Segui meu caminho, recusando o convite óbvio de Marius para jogar. O uísque em minha mão desceu queimando, aquecendo mais do que o necessário.
— Vou dar uma volta antes de dormir. — Avisei, me despedindo com um aceno preguiçoso.
Meus passos me levaram pelas trilhas que cortavam o acampamento. Tendas improvisadas, pequenas cabanas… Um lembrete amargo de que ainda éramos refugiados.
A antiga casa dos Lockwood servia como posto avançado. Eme cuidava das ervas medicinais, Perseus comandava a segurança nas fronteiras. Já a maior construção da região, com três andares e janelas largas, foi tomada pelas matriarcas que cuidavam dos filhotes órfãos.
Minha cabana? Simples. Pequena. Apenas o suficiente. O conforto sempre foi o último da lista.
Respirei fundo. O cheiro da noite era denso. Madeira queimada. Terra úmida. Lobo.
Mas a lembrança de Silverblood voltou como um soco seco no estômago. Aiden… aquele filho da puta ainda respirava. Ainda andava por aí como se não fosse o responsável pelas cicatrizes que carregávamos.
O Sul podia parecer um problema… mas o verdadeiro perigo sempre foi o Norte.
O problema? Eu era o Norte.
E quem cruzava meu caminho, pagava caro.
— Alfa… — A voz aveludada de Brienne me arrancou dos pensamentos.
Girei o corpo antes mesmo dela se aproximar por completo. A loba caminhava como se o mundo inteiro estivesse em câmera lenta só para ela. Quadris marcados, busto generoso, os cachos negros emoldurando o rosto de traços perfeitos.
Ela sempre foi assim… Uma provocação ambulante.
— Brienne. — Minha voz saiu grave, arrastada.
Ela se inclinou numa reverência teatral, deixando o decote ainda mais exposto. O vestido semi-transparente grudava em suas curvas como uma segunda pele.
— Já vai se recolher? — Ela perguntou, a voz melosa carregada de intenções.
— Ainda não. Só uma última ronda.
Seus dedos tocaram meu peito, desenhando círculos preguiçosos. Os olhos verdes fixos nos meus, como se desafiassem meus limites.
Eu sabia aonde ela queria chegar. Ela sabia também. O joguinho entre nós sempre foi esse.
— Por que não ocupa esse tempo de uma forma… mais interessante? — sussurrou, se aproximando mais, a boca quase roçando na minha.
Minha pele arrepiou sob o toque leve. O cheiro dela… doce, quente, provocativo.
Antes que eu pudesse responder, ela recuou de leve e fez um gesto sutil com a cabeça.
Duas outras lobas surgiram da escuridão, parando ao lado dela. Jenna e Ashley.
As três. Juntas.
Minha respiração ficou mais pesada.
— Que tal uma última caçada, Alfa? — Brienne sorriu de forma perversa. — Tem disposição suficiente para capturar… as três?
Meus olhos percorreram cada uma delas, sem pressa. Os vestidos curtos, os olhares desafiadores, as pernas expostas… A ideia de ter aquelas três juntas pela primeira vez fez meu lobo rosnar de satisfação dentro de mim.
— Tirem as calcinhas. — Ordenei, a voz baixa e rouca.
Os olhos delas brilharam. Sem hesitar, obedeceram. Cada uma tirou a peça íntima e me entregou. Os tecidos leves, ainda quentes, deslizaram entre os meus dedos. O cheiro delas era inebriante.
Guardei tudo no bolso.
— Vocês têm trinta segundos. Corram.
As risadas delas ecoaram pela floresta enquanto desapareciam entre as árvores.
Esperei. Contando devagar. Sentindo meu lobo se agitar, pronto para a caçada.
Escolhi uma das peças e a levei ao rosto, inspirando fundo.
Jenna.
Ela nunca soube se esconder direito.
Me embrenhei na mata, os galhos arranhando minhas roupas enquanto seguia seu rastro como um predador farejando sua presa.
Ela estava ali. Encostada num tronco grosso, à vista, praticamente me convidando.
— Parece que você achou uma de nós… — ela provocou, mordendo o lábio inferior.
Me aproximei, prendendo-a entre meu corpo e a árvore.
— Não se preocupe. Vou encontrar as três, foder cada uma de vocês e no final vou foder as três juntas, até implorarem para eu parar.
O olhar de Jenna queimava. Ela se entregou ao meu toque, arranhando minhas costas, puxando minha camisa até expor minha pele. Meus músculos se contraíram quando suas unhas deslizaram por mim.
Minha mão subiu pela sua coxa, puxando-a para o meu quadril, sentindo sua excitação quente através das roupas.
Meus dentes roçaram seu pescoço.
Estava prestes a abrir o zíper da calça quando um grito rasgou a noite.
Paralisei.
Meu lobo ficou em alerta instantâneo, tomando conta da minha mente. O som veio da floresta… Não era uma brincadeira. Não era parte da caçada.
Jenna congelou nos meus braços, o olhar assombrado voltou para a mesma direção que eu.
— Merda… — rosnei, já me afastando. — Tire as garotas da floresta, fiquem com os outros e espere até que seja seguro. — A firmeza em meu tom contrastava com a excitação que me consumia recentemente.
— Sim, Alfa. — Jenna assentiu, arrumando o vestido antes de correr pela mata atrás das suas amigas.
E então… corri. A adrenalina queimava nas minhas veias. O cheiro da noite mudou. O perigo se espalhou como um vírus invisível.
Alguém cruzou nossas defesas.
E quem quer que fosse… acabaria aprendendo que a floresta, hoje, tinha dono.
E esse dono… era eu.