O dia seguinte amanheceu nublado, como se o céu refletisse a confusão dentro dela.
Lívia passou a manhã inteira tentando se convencer de que o beijo da noite anterior não havia mudado nada.
Mas tinha mudado tudo.
Cada toque da memória vinha acompanhado de um arrepio. O gosto, o calor, o som do nome dela na voz dele, tudo estava impresso em algum lugar do corpo.
E isso a deixava vulnerável, algo que ela não suportava sentir.
Quando chegou à franquia para finalizar a instalação do sistema, Rafael já estava lá, conversando com um fornecedor.
Ele a olhou e sorriu, simples, como se o beijo tivesse sido apenas o início de algo natural.
Ela, por outro lado, fingiu tranquilidade.
— Bom dia — disse, ajeitando os papéis sobre o balcão.
— Bom dia — respondeu ele, com a voz leve, mas o olhar que dizia tudo. — Dormiu bem?
Ela desviou o olhar. — O suficiente. Vamos terminar o que falta.
Por algumas horas, conseguiram agir como se nada tivesse acontecido.
Mas havia algo diferente no ar ,