O retorno de Belo Horizonte parecia já ter sido absorvido pela rotina.
Mas, como sempre acontece em ambientes onde a política corporativa é mais viva do que qualquer organograma, o silêncio nunca é silêncio de verdade.
Ele é só o intervalo entre um boato e outro.
Na manhã de segunda-feira, a equipe inteira estava reunida para alinhar a semana.
Rafael, em sua postura impecável, falava sobre metas, indicadores e expansão.
Lívia tomava notas, profissional como sempre.
Mas quem conhece a linguagem dos corpos teria percebido o detalhe:
a energia entre eles vibrava num ritmo próprio — sutil, porém impossível de ignorar.
Foi Clara, a nova contratada do marketing, quem quebrou o primeiro pedaço do sigilo.
Ela se inclinou para a colega ao lado e sussurrou — tão baixo quanto a curiosidade permitia:
— Eles viajaram sozinhos semana passada, né?
— Acho que sim… por quê? — respondeu a outra.
Clara deu um sorriso enviesado.
— Ele não tirou os olhos dela desde que entrou.
O comentário foi pequeno, qu