O Cálice e o Gato
Após se recompor, Jonas não vai direto ao julgamento.
Há algo que ficou martelando na memória:
um cálice de vidro, próximo a uma estátua de gato, que viu dias atrás em um dos apartamentos, mas que, na confusão, não investigou.
Ele sobe do subsolo até o apartamento 707 — onde lembra ter visto a tal estátua na última vez que passou pelo corredor.
A porta está trancada, mas a madeira é velha.
Uma leve pressão com o ombro e ela se abre.
O interior do 707
O cheiro de poeira é intenso, mas há uma organização quase ritualística no ambiente.
No centro da sala, sobre uma mesa coberta por um pano de veludo, está a estátua de um gato preto, de pedra polida, com olhos de vidro amarelo.
Ao lado, o cálice de vidro transparente, delicado, com detalhes dourados na borda.
Jonas se aproxima e percebe:
O cálice não está vazio.
Dentro, há um líquido escuro, espesso, que parece não evaporar.
Ao tocar levemente a borda, o vidro emite um som agudo, como se vibrasse com frequência própria.