Jonas parou. A memória voltava com força total — não era apenas a mala ou os panos. Ele havia mexido nas coisas dentro da caverna.
Lembrava-se nitidamente: os dedos pequenos e sujos de areia folheando papéis manchados, puxando um pano para o lado e revelando uma foto antiga, em preto e branco, levemente enrugada.
Na imagem, havia uma mulher de cabelos escuros, vestida de modo sóbrio, mas com os olhos voltados diretamente para a câmera. Um olhar profundo. Quase acusador.
Ele ficou ali parado por um tempo, encarando a foto na luz fraca da caverna, até que um calafrio o fez guardar a imagem no bolso do short e sair correndo de volta para a praia. Nunca mais contou aquilo para ninguém.
Mas o mais estranho viria anos depois.
Jonas devia ter uns dezesseis, dezessete. Estava saindo do metrô na região central de São Paulo — na mesma área onde agora se encontrava preso, anos depois — quando viu a mulher da foto.
Ela estava parada do outro lado da rua.
Mesma fisionomia.
Mesma expressão.
Mesmo o