Narrado por Maitê
No silêncio do meu quarto, a dor escorre em forma de lágrimas silenciosas, pesadas, quentes. Elas escorrem pelo meu rosto sem pedir permissão, revelando tudo aquilo que eu tentei esconder até de mim mesma. A solidão se agarra a mim como uma sombra sufocante, me envolvendo por completo enquanto tento digerir as acusações cruéis vindas de quem deveria me amar.
Meu peito arde, como se algo dentro de mim estivesse queimando devagar. Não consigo sequer nomear o que sinto. Apenas sei que dói — e muito.
Caminho até o banheiro, como em transe. Arranco minhas roupas, ficando apenas de calcinha e sutiã, e ligo o chuveiro. A água quente cai como uma tentativa falha de conforto, mas nada acalma o que pulsa dentro de mim. Sento-me no chão frio, as costas encostadas na parede úmida, o corpo encolhido. Meus dedos encontram a lâmina escondida no armário lateral. A conheço bem. Ela é pequena, mas carrega um poder que assusta. Poder de calar o grito que ninguém quer ouvir.
Respiro fun