Narrado por Maitê
O dia se arrastava de forma insuportável, e eu me vi afundando, cada vez mais, nas lembranças dolorosas do passado. As imagens ainda estavam frescas em minha mente, um pesadelo incessante que não me dava trégua. O som dos gritos, os tiros ecoando, o meu irmão caído no chão, com o sangue dele se misturando ao meu. Eu me vi, novamente, tomando uma vida, sendo obrigada a fazer algo que nunca imaginei que seria capaz. Aquele momento voltou a me assombrar com a mesma intensidade. Como se eu nunca tivesse saído de lá, de onde tudo começou a desmoronar.
E como se a dor não fosse suficiente, as perguntas começaram a invadir minha mente, rápidas e incessantes, e eu não conseguia mais distinguir o que era real do que era fantasia. As mentiras, que antes soavam como promessas de proteção, agora me pareciam apenas traições. Cada palavra, cada gesto, tudo parecia falso. Pessoas que eu amava, que confiava com todo o meu ser, se revelaram como seres egoístas, dispostos a me ferir