Palermo, Itália.
O céu começava a se apagar quando o sol se escondeu por completo atrás das colinas. A cidade lá embaixo parecia um quadro vivo. As luzes piscando entre as janelas antigas e o som distante dos sinos ecoando pelas ruas estreitas.
Da varanda da mansão, eu conseguia ver tudo, mas a beleza da paisagem não me alcançava. Por dentro, eu estava em ruínas.
Amanhã seria o dia do julgamento em Palermo.
O dia em que eu colocaria os pés novamente diante daqueles que destruíram minha vida há vinte anos.
O dia em que a verdade precisaria falar mais alto, ou nada mais faria sentido.
Miguel e Lia tinham saído para jantar com David.
Ella, Luce e eu éramos os únicos na casa. O silêncio parecia preencher cada canto com uma tensão invisível.
Entrei na sala principal e encontrei Ella sentada no sofá, com Luce dormindo sobre o colo dela.
A menina tinha o rosto sereno, as bochechas coradas, um pequeno sorriso nos lábios. Um retrato da pureza que eu não lembrava mais como era