Eu ainda ria das loucuras de Lia, o travesseiro abraçado contra o peito, quando decidi abrir o jogo de vez.
“Lia, ele me beijou no carro… aquele beijo roubado, sabe? Aquele que muda tudo. Eu não tive como resistir, foi como se o mundo tivesse desabado e só sobrasse nós dois. E não é só desejo, amiga, eu sinto que estou realmente apaixonada. E o mais louco é que eu sei que ele também está.”
Do outro lado da linha, ela ficou em silêncio por alguns segundos, como se precisasse processar. Mas logo voltou com a língua afiada de sempre.
LIA: Meu Deus, Ella… eu ainda não acredito! Você está vivendo um romance de filme proibido e eu aqui, me debatendo com a vida real.
“Por que diz isso?”
Perguntei, ajeitando o celular melhor no ouvido.
LIA: Porque o Miguel me chamou para sair. E eu não sei se devo aceitar… tenho medo de me arrepender, de me iludir, de acabar sofrendo. Você me conhece, sabe que não sou de me jogar fácil.
Sorri de leve, já imaginando o nervosismo estampado no rosto dela.