O salão do Copacabana Palace estava iluminado como se fosse uma cena de filme romântica. Lustres de cristal cintilavam no teto, refletindo nos espelhos dourados, uma orquestra maravilhosa, flores brancas e orquídeas azuis preenchiam cada canto, exalando um perfume doce demais para o gosto de Elisa.A alta sociedade presente com roupas maravilhosas e as jóias com seus brilhos de diamantes reluzindo pelo salão. Tudo era perfeito. Tudo era impecável. Tudo era… irreal.
Ela estava ali, vestida em um Vera Wang sob medida, renda francesa e seda pura, linda, o vestido resaltava suas curvas nos lugares certos maquiagem perfeita seus cabelos ondulados castanhos tudo impecável, mas sentia-se como uma atriz em uma peça da qual não escolhera participar. Elisa Santos respirou fundo. Seus dedos tremiam ao segurar o buquê de peônias brancas. O coração batia rápido, não de emoção — mas de ansiedade. O véu delicado cobria parte de seu rosto, mas não escondia seus olhos verdes esmeraldas, doces e assombrados. Do outro lado do altar, Eduardo Castro estava imóvel. Um terno Armani sob medida moldava perfeitamente seu corpo atlético, a postura rígida e o olhar azul náutico frio e inexpressivo. Era o homem mais bonito que Elisa já vira — mas também o mais distante. Sua beleza era como mármore: impressionante, lindo, rígido porém gelada ao toque. O juiz iniciou a cerimônia, mas as palavras pareciam ecoar distantes, abafadas pelo turbilhão dentro de Elisa. “Eduardo Castro, aceita Elisa Santos como sua legítima esposa?” Ele assentiu com um leve movimento de cabeça. A voz firme e sem hesitação e o olhar frio: Sim. Nada mais. Nenhum sorriso. Nenhuma emoção. Nenhum toque de ternura, como um poste de concreto ereto, sólido e frio. Quando chegou a sua vez, Elisa hesitou. Seus olhos buscaram, quase implorando, algum sinal humano no rosto dele, um olhar, um sorriso, Nada. Engoliu o nó na garganta e respondeu: Sim… Elisa sabia que o casamento era só um mero contrato combinado entre sua avó e o avô de Eduardo, apenas uma troca de favores entre eles para que cuidasse de Elisa já que sua vó não duraria muito tempo. A troca de alianças foi rápida. Eduardo pegou a mão dela como quem assina um contrato e deslizou a joia dourada em seu dedo sem sequer olhar para os olhos dela. Elisa o imitou, engolindo a dor como sempre fizera na vida. “Eu os declaro marido e mulher.” Os convidados aplaudiram. A música preencheu o ambiente. Eles se viraram para a plateia, e Eduardo lhe ofereceu o braço como manda o protocolo. O toque foi breve. A pele dele era quente, mas a frieza era cortante. ----- Já na limusine, o silêncio entre eles era ensurdecedor. Elisa fitava a cidade pela janela, tentando não encarar o homem ao lado, sem nenhuma emoção. Ele parecia entediado, os olhos fixos no celular, como se tudo aquilo fosse apenas mais uma reunião de negócios. Você está ... decepcionado? ... perguntou ela, a voz baixa, quase um sussurro. Ele não desviou os olhos da tela. Só estou cansado. O coração dela se encolheu. Não deveria doer tanto, já que não esperava carinho, mas ainda assim… doía. Eduardo finalmente a encarou. Seus olhos azuis pousaram nos dela como um raio congelante. Não se iluda, Elisa. Isso aqui é um acordo. E será mais fácil se ambos lembrarem disso. Ela sustentou o olhar. Por dentro, uma parte dela queria chorar. A outra... queria resistir. Eu sei exatamente o que é isso — respondeu, firme, mesmo que sua mão trêmula desmentisse sua coragem. E então, ele desviou o olhar e voltou ao silêncio, enquanto o carro os levava para a cobertura em Ipanema — a nova prisão dourada de Elisa Santos.