A chuva fina tamborilava no vidro da vitrine do café, tornando o ambiente mais silencioso do que o habitual. Helena estava atrás do balcão, concentrada em organizar algumas xícaras, tentando ignorar o turbilhão que ainda a sufocava desde o confronto com Íris. Dormira mal, acordara com os olhos inchados e, mesmo assim, insistira em trabalhar para não ficar sozinha com os próprios pensamentos.
O som da porta se abrindo fez com que ela erguesse o rosto. Por um segundo, seu coração parou. Rafael estava parado na entrada, o casaco escuro ainda úmido pela chuva, os olhos fixos nela como se o mundo inteiro tivesse sumido ao redor.
— Helena… — a voz dele saiu baixa, carregada de urgência.
Ela respirou fundo, tentando manter a calma. — Você não deveria estar aqui.
Ele deu alguns passos em sua direção, ignorando os olhares curiosos de alguns clientes. — Eu precisava falar com você. Por favor, me escuta.
— Não há nada para ouvir, Rafael. — Ela tentou passar por ele, mas ele se moveu rápido, bloq