O sábado começou com sol forte e um céu sem nuvens. Helena acordou com a luz invadindo o quarto e uma sensação estranha no peito — como se o mundo estivesse prestes a mudar de tom. Era o primeiro fim de semana em meses em que não precisava ir à livraria, nem ao hospital. A mãe continuava internada, estável, e o médico recomendara que ela descansasse.

Descansar. Uma palavra que parecia estrangeira.

Tomou banho, vestiu um vestido leve e foi até o Café Aurora. Bianca havia convidado para um evento especial: uma tarde de música ao vivo e drinks artesanais. Helena hesitou, mas decidiu ir. Precisava de leveza. Precisava de vida.

O café estava mais cheio que o normal. As mesas externas estavam ocupadas, e uma banda pequena tocava jazz com um toque brasileiro. Bianca a recebeu com um abraço apertado e um copo de chá gelado com hortelã.

— Você está linda — disse Bianca.

— Estou tentando parecer viva.

— E está conseguindo.

Helena sentou-se perto da janela, observando o movimento. Pessoas riam,