Kaleo
Depois do jantar, pasta melhor do que as anteriores, obrigado, Mag, a casa se aquietou de um jeito bom. Mag se recolheu com o seu livro e sua xícara, a cidade continuou piscando lá fora, obediente à própria pressa.
Eu e Layla ficamos ao piano, sem música, apenas a tampa fechada servindo de mesa improvisada para duas taças e uma vela. A chama desenhava a sombra do que eu já sabia, ela é a minha linha de chegada e o meu caminho.
— Você realmente acha que uma gaveta vai resolver o mundo? — Layla perguntou, girando a taça.
— Uma gaveta abre espaço para duas camisas, um vestido e quatro desculpas a menos para ir embora.
— Poeta do cárcere.
— Engenheiro da liberdade.
Ela se aproximou, encostou o quadril na lateral do piano, cabelo solto, olhos um pouco mais escuros por causa da luz baixa.
— Ainda me incomoda um pouco você em todos os lugares. — confessou, honesta como sempre — É… muito.
— Eu sou muito. — concordei, sem pedir desculpa — E você, quando quer, também.
— Me promete uma co