Kaleo
As pessoas chamam de “festa de gala”. Eu prefiro o termo certo: armadilha. Nada em um salão de mármore, nada em uma sacada de vidro, nada em lustres de cristal é inocente. Cada convidado é peça de um jogo e eu sou o único que sabe jogar.
A torre onde moro e mando brilha inteira na noite. O último andar foi transformado em arena de espetáculo, cortinas translúcidas, música de quarteto de cordas, garçons circulando com champanhe e risadas forçadas ecoando entre os vidros.
Mas o que realmente importa não são eles. É ela.
Layla.
Convite anônimo, papel sem brasão. Eu sabia que ela viria. A ONG precisa aparecer em ambientes assim, mesmo que ela odeie. E Bart faria questão de acompanhá-la, pavão que é. Eu só precisei acender a luz, e as mariposas vieram.
Quando ela entra no salão, o tempo faz suspense. Vestido preto simples, cabelo preso num coque que deixa o pescoço à mostra, brincos pequenos que piscam sob a luz. Bart segura a mão dela como se fosse troféu. Ela sorri para os fotógraf