Leleco já era.
Antes que ele se vire para mim o celular dele toca. Ele então me encara e atende o celular sem desviar os olhos de mim, sua expressão fechada, o cenho franzido como se já soubesse que as notícias não serão boas.
— Fala, Ronilson. — Sua voz sai tensa, carregada de um peso sombrio.
Eu observo, sentindo meu coração acelerar com a vibração quase palpável no ar. Algo me diz que o que quer que esteja acontecendo, vai piorar ainda mais a situação dele. E, por consequência, a minha.
Do outro lado da linha, Ronilson respira fundo antes de soltar a bomba:
— Leleco já era. No meio do caminho, ele abriu a boca e disse que ia contar tudo pro Zoio. Falou que não ia pagar de otário, que não ia morrer por você. Tentei acalmar ele, mas... ele não quis ouvir. A gente discutiu feio e... o carro saiu da estrada. — Ronilson para por um instante, a respiração ofegante. — Eu tive que acabar com ele, Dante. Não tive escolha. O filho da puta ia nos entregar.
Dante fica em silêncio por alguns segundos, os olhos