Na tarde de terça-feira, Marília chegou ao restaurante ocidental no horário combinado. Aproveitando que o outro ainda não havia chegado, ela organizou novamente os esboços de design que produzira nos últimos dias, mentalmente se preparando para a reunião. Precisava se sair bem e tentar fechar a parceria. Alguém bateu na mesa dela. Marília levantou os olhos e viu um homem alto e magro, com boné e máscara, cuja presença emanava uma aura fria. Quando seus olhares se cruzaram, seu coração disparou de repente, batendo forte, e ela abriu os olhos involuntariamente. — Vem comigo. O homem deu um passo à frente e começou a caminhar. Marília ficou parada por dois segundos, até perceber o que estava acontecendo. Apanhou rapidamente suas coisas e o acompanhou. O garçom os conduziu até uma sala privativa com discrição. Depois que o homem se sentou, ele retirou o boné e a máscara. Ao olhar para Marília, que estava de pé, tímida ao lado, ele sorriu levemente: — Por que não se senta?
Os professores que a acompanharam ao hotel anteriormente eram fãs de Cipriano, e, em comparação a eles, Marília claramente não estava à altura.Sob o olhar de seu ídolo, Marília abaixou a cabeça, se sentindo envergonhada e frustrada.Cipriano a observava, vendo o rosto dela vermelho, parecendo uma estudante que cometeu um erro, e deu uma leve risada.Ela não mudou nem um pouco.Depois de olhar todos os designs, Cipriano disse:— Está bom.Marília achou que provavelmente seria descartada, mas, ao ouvir aquele elogio, ergueu a cabeça imediatamente:— Sério?— Você não tem confiança em si mesma?Marília pensou nas palavras de Zélia; se nem ela mesma tinha confiança em si, como poderiam escolhê-la?— Eu tenho confiança! — Marília disse com seriedade. — Se me escolherem, não vou decepcioná-los.— Sim, eu também acredito que você pode fazer isso.Ao ouvir isso, o coração de Marília bateu forte. Será que ele estava prestes a assinar com ela?Ela esperou pela próxima frase de Cipriano, mas naq
Antes de hoje, Marília tinha a imagem de Cipriano como uma pessoa fria, reservada, mas muito talentosa, com base no que via na TV e nas redes sociais.Agora, enquanto ele a levava para casa, ela percebeu que ele era muito educado, gentil e parecia ser uma pessoa realmente boa, na verdade, alguém muito fácil de conviver.O ídolo estava ao seu lado.Marília pensou em pedir um autógrafo, já que suas ideias geralmente surgiam de repente, e ela sempre carregava um caderno e uma caneta na bolsa.Deixar de pedir um autógrafo agora? E se nunca mais o encontrasse? Pensou nisso e achou que seria uma grande pena.Quando Cipriano estacionou o carro na entrada do condomínio, Marília tirou o caderno e a caneta da bolsa.— Não devem permitir a entrada de carros de fora aqui. Só posso te deixar até aqui.— Sim, obrigada. Eu me viro daqui. — Marília, com coragem, estendeu o caderno e a caneta. — Você pode me dar um autógrafo?— Fico muito honrado. — Cipriano pegou o caderno e a caneta e escreveu o autó
Leandro franziu a testa ao olhar para a assinatura, depois fitou o rostinho radiante de Marília. Ele sabia muito bem que ser fã de alguém não era problema algum. Marília queria desenvolver sua carreira, e isso também não era um problema. Mas...Leandro voltou a pensar naquela foto, na qual Marília jantava com aquele homem. Ela o olhava com aquele mesmo olhar, e, só de lembrar, uma sombra já lhe invadia o coração. Marília estava aninhada nos braços do homem e não percebeu a mudança no humor de Leandro. Ela falava animadamente sobre seus planos para o futuro, sobre seu grande projeto para ganhar dinheiro. Leandro, ainda assim, a escutava com paciência.— Hoje eu fui com o Cipriano naquele restaurante, a comida estava uma delícia. Quando o dinheiro cair na minha conta no mês que vem, vou te levar lá para experimentar! — Podemos ir amanhã. — Eu quero te levar com o meu próprio dinheiro! — Marília esticou a mão e acariciou o rosto dele, do mesmo jeito que ele fazia com ela. — Am
Marília colocou o celular de lado e começou a passar loção no corpo.De repente, a porta do quarto foi aberta por alguém do lado de fora. Ela se assustou e, por reflexo, levantou a cabeça, vendo o homem parado na entrada.Imediatamente, largou o que tinha nas mãos e puxou o roupão para se cobrir.Ela tinha o hábito de aplicar a loção usando o roupão e só depois vestir o pijama. Jamais imaginou que ele apareceria naquele horário e abrisse a porta.Ao perceber que o homem não se mexia e que o olhar dele era intenso demais para ser ignorado, Marília se sentiu incomodada. Ela sabia o quanto aquele homem nutria um desejo forte.Com o rosto corado, Marília ergueu os olhos e perguntou em voz baixa:— Aconteceu alguma coisa?Leandro observava o rostinho delicado e tímido dela e se lembrou da pele alva que viu ao abrir a porta. Engoliu em seco, sem responder, e deu um passo para dentro, fechando a porta atrás de si enquanto caminhava em direção a ela.Marília olhou para o rosto dele, para os ol
— Quer que eu vista você?Marília se assustou e recusou imediatamente:— Não!Vendo a reação tão intensa dela, Leandro segurou seu queixo e voltou a beijá-la.Quando se tratava desse tipo de coisa, ele sempre era muito dominador e autoritário, sem espaço para negociação. Mesmo que ela não quisesse, ele sempre dava um jeito de fazê-la obedecer.Marília não aguentava mais ser provocada daquele jeito. Para conseguir descansar logo, precisou ceder às exigências dele....Na manhã seguinte, Marília passou um bom tempo no banheiro tentando esconder as marcas no pescoço, e só conseguiu disfarçá-las mais ou menos.Saiu do quarto bufando de raiva.Leandro não teve tempo de mandar o café da manhã para o quarto, já que os dois dormiram até as sete horas da manhã.Ele tinha acabado de sair do banho quando ela apareceu.— Quer sair para comer alguma coisa?— Combinei de tomar café com a Neide, você só precisa me deixar lá.Na verdade, Marília não tinha combinado nada com a Neide, mas ela sabia o ho
— Mimi, que coincidência! Você também veio. Helena se aproximou com naturalidade, sorrindo para ela com muita delicadeza.Marília ficou completamente rígida ao encarar a mulher que estava agora diante dela. "Ela não estava nos Estados Unidos? Por que voltou?"— Helena, essa é sua amiga? Ao lado de Helena estava uma mulher de cabelo curto, tingido de loiro, com um visual estiloso e marcante.Helena se virou para apresentá-la: — Esta é minha irmã.— Sua irmã? O olhar da mulher para Marília imediatamente mudou.— Mimi, você tem uma irmã? — Neide exclamou, surpresa.O rosto de Marília se fechou: — Minha mãe só teve uma filha: eu. Pare de inventar parentesco comigo, eu nem te conheço! — Dizendo isso, ela se virou e foi para outro lugar.Marília saiu apressada, e mesmo com Neide chamando atrás dela, ela não respondeu.Só quando já não podia mais ver Helena, ela parou.Neide a alcançou: — Mimi, por que você saiu? Não vai mais ver a exposição?Foi só então que Marília percebeu que
— Mas agora você se arrepende, não é? Os olhos de Marília estavam gelados, e seus traços delicados exalavam uma frieza deslumbrante. Helena olhou para o rosto de Marília, sentindo uma pontada de inveja. Soltou a mão dela e curvou os lábios: — Sim, me arrependi. Voltei desta vez para recuperar o que é meu. Marília, voltei por causa do Leandro!...Depois que Helena foi embora. Marília ficou sozinha no banheiro por um bom tempo, incapaz de se acalmar. Seus olhos ardiam e, sem conseguir conter, lágrimas grossas começaram a rolar por seu rosto. Ela colocou a bolsa sobre a pia, abriu a torneira e, sem se importar com a maquiagem, começou a jogar água fria no rosto, como se isso pudesse ajudá-la a se acalmar. Mas não conseguia. Marília levantou a cabeça e olhou para o reflexo desarrumado no espelho. As palavras de Helena ecoavam em sua mente: Leandro tinha ido aos Estados Unidos para vê-la. O anel que ele comprou também havia sido escolhido de acordo com o gosto de Helena.