No escritório, Isadora mergulhava nos relatórios e se mantinha ocupada com reuniões intermináveis. Era sua forma de manter a sanidade — e de manter Dominic à distância. A presença dele se tornava mais sufocante a cada dia, como uma sombra que a seguia, silenciosa e insinuante.
Ela tentava racionalizar. Era apenas um homem. Um colega. Um obstáculo profissional. Mas, mesmo sabendo disso, sentia seu corpo reagir de forma traiçoeira sempre que o via. A tensão entre eles crescia como eletricidade no ar antes de uma tempestade. Um olhar bastava para que todo o seu autocontrole fosse testado.
Naquela manhã, ao entrar na sala de reuniões, sentiu os olhos dele imediatamente. Dominic já estava ali, sentado à cabeceira, a postura confiante e aquele sorriso discreto nos lábios, como se soubesse de algo que mais ninguém sabia. Ele a acompanhou com o olhar enquanto ela cruzava a sala, e Isadora precisou de toda a sua força para manter a compostura.
Ela se sentou, abriu sua pasta e deu início à apresentação. Sua voz era firme, objetiva. Mas, por dentro, seu coração batia em um ritmo descompassado. A cada movimento de Dominic, a cada comentário que ele fazia com aquela entonação grave e segura, ela sentia como se estivesse travando uma guerra interna.
“Não olhe para ele”, ela dizia a si mesma. “Concentre-se nos números. Nos resultados.”
Mas era impossível ignorá-lo por completo. Ele sabia exatamente como se posicionar, como usar o silêncio ao seu favor, como lançar um olhar que dizia tudo sem uma palavra. Dominic jogava com uma sutileza que beirava a crueldade — e ela estava cada vez mais vulnerável a esse jogo.
Quando a reunião finalmente terminou, Isadora deixou a sala com passos apressados. Queria distância. Precisava de ar. Mas mal atravessou o corredor e lá estava ele, encostado à parede como se estivesse esperando por ela o tempo todo.
— Você estava incrível hoje, Isadora. — disse Dominic, com um tom que misturava admiração genuína e provocação velada.
Ela manteve a expressão neutra, embora o coração acelerasse. Precisava manter a linha.
— Obrigada, Dominic. Mas se você não se importar, tenho mais trabalho a fazer. — respondeu, já tentando seguir caminho.
Mas ele se moveu rápido, caminhando ao lado dela, diminuindo a distância entre os dois. Isadora sentiu o ar rarefeito entre eles.
— Isadora… — ele disse, com a voz baixa, quase rouca. — Eu não sou bobo. Sei o que está acontecendo aqui. Você não pode me ignorar para sempre.
Ela parou. Olhou para ele. Os olhos dele a encaravam com aquela intensidade que parecia queimar por dentro.
— Estamos aqui para trabalhar, Dominic. Só isso. — disse ela, com a voz mais firme do que sentia.
Ele sorriu, um sorriso torto, perigoso.
— Não minta pra mim. Você sente isso tanto quanto eu. Está tentando lutar, eu entendo. Mas há um limite para esse controle todo, Isadora. E você está cada vez mais perto de cruzá-lo.
Ela sentiu o calor invadir seu corpo. O desejo e a raiva se misturavam em um coquetel explosivo. Queria empurrá-lo. Queria beijá-lo. Queria fugir.
— Você está subestimando minha força de vontade. — retrucou, desafiadora.
Dominic se aproximou ainda mais. Agora, havia apenas alguns centímetros entre eles. O cheiro dele era amadeirado e envolvente. O olhar, hipnótico.
— E você está subestimando o quanto eu posso te fazer perder o controle.
A frase a atingiu como um golpe direto. Isadora sentiu a respiração falhar por um segundo. Mas, em vez de ceder, virou-se rapidamente e entrou em sua sala, fechando a porta atrás de si.
Encostou-se à madeira, o peito arfando. A sensação da presença dele ainda a envolvia, como se ele tivesse deixado um rastro de calor no ar. Seus pensamentos estavam embaralhados, sua pele arrepiada.
Sentou-se em sua cadeira, tentando retomar o foco. Mas o coração ainda batia forte, e a imagem de Dominic — tão perto, tão certo de si — não a deixava em paz.
Ela sabia que não conseguiria fugir para sempre.
E ele sabia exatamente disso.