O salão estava em silêncio absoluto. Nenhum dos presentes ousava interromper o que acabara de acontecer. Roberto Alcântara, outrora o pilar inabalável de um dos maiores grupos empresariais do país, estava diante de todos, desmascarado.Helena tentava manter a postura, mas sua expressão de pânico e fúria revelava o colapso iminente.— Isso é uma conspiração — ela ainda murmurava, a voz falhando, enquanto se afastava do palco.O presidente do conselho, visivelmente abalado, pediu um recesso de trinta minutos. As lideranças se retiraram para uma sala reservada, enquanto o salão fervilhava em comentários e celulares vibravam com notificações.Isadora respirou fundo, apoiando-se na cadeira. Dominic, ao seu lado, apertou sua mão com firmeza.— Acabou — ele disse. Mas ambos sabiam que não era tão simples assim.Cael, do outro lado da mesa, olhava para a porta por onde Roberto havia saído.— Ele não vai aceitar isso calado. Um homem como ele não perde e simplesmente vai embora.Isadora concor
A sede da Alcântara Group amanheceu sob uma névoa de especulações. Manchetes estampavam as bancas e as redes sociais ferviam com opiniões divididas. Enquanto muitos defendiam Isadora, outros questionavam sua ascensão meteórica e insinuavam favorecimento por relações pessoais.Isadora chegou cedo à empresa. O semblante fechado escondia o cansaço da noite mal dormida. Cada passo até sua sala era acompanhado por olhares — alguns de solidariedade, outros de julgamento.Dominic apareceu minutos depois, os olhos sombrios.— Já estamos monitorando os danos. O departamento jurídico entrou com um pedido de retratação formal contra a revista.— Isso vai demorar. E a opinião pública se forma rápido — Isadora disse, sem esconder a frustração.Ela estava acostumada a enfrentar desafios, mas ver seu nome manchado com mentiras era como ter sua alma despida diante do mundo.Dominic se aproximou, abaixando a voz.— Eu tenho uma informação, mas… preciso que esteja preparada.— Diga logo.— Um ex-funcio
O salão do hotel cinco estrelas estava tomado por uma atmosfera sofisticada. Lustres de cristal pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre taças de champanhe e risos abafados. O som suave do jazz preenchia o ambiente, enquanto os convidados transitavam entre conversas e olhares discretos.Isadora nunca foi do tipo que se deixava envolver por ambientes luxuosos, mas ali estava ela, sentada no bar do salão principal, observando as pessoas ao redor com um leve toque de desinteresse. Sua taça de vinho descansava entre seus dedos, e ela girava o líquido suavemente, perdida em pensamentos.Aquela noite não era diferente de tantas outras. Eventos de gala, reuniões sofisticadas, festas luxuosas… Tudo fazia parte do mundo empresarial, e ela já estava acostumada. Mas havia algo diferente naquela noite, uma tensão no ar que ela não conseguia ignorar.Foi então que o sentiu.O olhar intenso queimando sobre sua pele.Isadora ergueu os olhos e encontrou os dele.Do outro lado do salão, um home
O cheiro dele ainda estava nos lençóis.Isadora despertou lentamente, sentindo o corpo pesado, relaxado, como se tivesse sido consumida por horas a fio—e foi. Cada músculo pulsava com a lembrança da noite anterior. O calor da pele dele ainda parecia impregnado na dela, como se Dominic tivesse deixado marcas invisíveis que nem o banho mais demorado conseguiria apagar.Ela virou na cama, esticando a mão no lençol amassado ao lado. Frio. Vazio.Abriu os olhos de repente, piscando contra a luz suave que entrava pelas cortinas luxuosas do quarto do hotel. O relógio digital no criado-mudo piscava um número que a fez prender a respiração.8h47.O coração disparou. Merda!Ela sentou-se na cama de uma vez, o lençol deslizando por sua pele nua enquanto olhava ao redor. Onde ele está? Não havia sinal de Dominic. Nenhum barulho no banheiro. Nenhuma peça de roupa dele espalhada pelo chão. Nenhum bilhete deixado no travesseiro. Nada além das memórias febris da noite passada.Uma irritação inesperad
Os dias seguintes foram um verdadeiro teste para Isadora.Ela sempre soube separar a vida pessoal da profissional, mas agora, o universo parecia decidido a desafiá-la. Trabalhar sob a mesma estrutura que Dominic transformava cada instante em um jogo perigoso de controle.A cada passo nos corredores da empresa, sentia o olhar dele sobre si. A cada reunião, a voz grave e firme de Dominic ecoava como uma corrente elétrica por sua pele. Ele não precisava tocar nela para dominá-la—seu simples olhar já fazia isso.Mas Isadora não cederia.Dominic era um desafio, sim, mas não um que ela pudesse se permitir perder.Ela tentou manter-se ocupada. Participou de reuniões importantes, entregou projetos impecáveis e conquistou a confiança de colegas e superiores rapidamente. Era inteligente, ambiciosa e determinada a crescer.Porém, toda vez que sentia que estava recuperando o controle, Dominic surgia para bagunçar tudo novamente.Naquela manhã, ao sair da sala de reuniões, ela sentiu uma presença
A noite já havia se instalado por fora, mas dentro do escritório da empresa, a escuridão dava lugar a uma luz suave, quase melancólica, que invadia a sala de Isadora. Ela estava sozinha, concentrada em terminar os últimos ajustes de um relatório importante. A sala silenciosa, iluminada apenas por um abajur de luz amarelada e pelo brilho distante dos postes da cidade, parecia um refúgio onde o tempo se diluía.Enquanto organizava os documentos espalhados pela mesa, Isadora sentia o cansaço se misturar com uma inquietude inexplicável. O tumulto dos últimos dias ainda ressoava em sua mente — as lembranças da noite anterior, a intensidade do toque de Dominic, e aquele olhar penetrante que a assombrava, mesmo agora. Ela sabia que, apesar de todo seu esforço para manter a racionalidade, o desejo e a tensão entre ela e Dominic não eram mais meras lembranças, mas sim uma realidade presente.De repente, o som da porta se abrindo interrompeu seus pensamentos. Ela não precisou levantar os olhos
Isadora estava em seu escritório, olhando para a tela do computador. Os gráficos e relatórios se embaralhavam diante de seus olhos, como se estivessem zombando de sua tentativa de manter o foco. O ponteiro do mouse pairava sobre o mesmo gráfico havia minutos, mas sua mente estava longe — muito longe dali.Dominic.Ele invadia seus pensamentos como uma tempestade repentina. Um sopro de lembrança e ela se pegava sentindo o toque dos olhos dele sobre sua pele, como se ele estivesse ali, mesmo quando não estava. E quando estava… tudo piorava.Ela havia enfrentado desafios maiores em sua vida. Isadora não era do tipo que se deixava abalar por emoções passageiras — ou ao menos não era, até Dominic surgir. O problema é que ele não parecia passageiro. Ele era presença, intensidade e… ameaça.Havia algo nos olhos dele que a desequilibrava. Uma certeza, um controle, como se já soubesse que, cedo ou tarde, ela cederia. Mas ela não podia. Não devia. Ela tinha construído sua carreira com esforço,
No escritório, Isadora mergulhava nos relatórios e se mantinha ocupada com reuniões intermináveis. Era sua forma de manter a sanidade — e de manter Dominic à distância. A presença dele se tornava mais sufocante a cada dia, como uma sombra que a seguia, silenciosa e insinuante.Ela tentava racionalizar. Era apenas um homem. Um colega. Um obstáculo profissional. Mas, mesmo sabendo disso, sentia seu corpo reagir de forma traiçoeira sempre que o via. A tensão entre eles crescia como eletricidade no ar antes de uma tempestade. Um olhar bastava para que todo o seu autocontrole fosse testado.Naquela manhã, ao entrar na sala de reuniões, sentiu os olhos dele imediatamente. Dominic já estava ali, sentado à cabeceira, a postura confiante e aquele sorriso discreto nos lábios, como se soubesse de algo que mais ninguém sabia. Ele a acompanhou com o olhar enquanto ela cruzava a sala, e Isadora precisou de toda a sua força para manter a compostura.Ela se sentou, abriu sua pasta e deu início à apre