O cheiro dele ainda estava nos lençóis.
Isadora despertou lentamente, sentindo o corpo pesado, relaxado, como se tivesse sido consumida por horas a fio—e foi. Cada músculo pulsava com a lembrança da noite anterior. O calor da pele dele ainda parecia impregnado na dela, como se Dominic tivesse deixado marcas invisíveis que nem o banho mais demorado conseguiria apagar. Ela virou na cama, esticando a mão no lençol amassado ao lado. Frio. Vazio. Abriu os olhos de repente, piscando contra a luz suave que entrava pelas cortinas luxuosas do quarto do hotel. O relógio digital no criado-mudo piscava um número que a fez prender a respiração. 8h47. O coração disparou. Merda! Ela sentou-se na cama de uma vez, o lençol deslizando por sua pele nua enquanto olhava ao redor. Onde ele está? Não havia sinal de Dominic. Nenhum barulho no banheiro. Nenhuma peça de roupa dele espalhada pelo chão. Nenhum bilhete deixado no travesseiro. Nada além das memórias febris da noite passada. Uma irritação inesperada cresceu dentro dela. Ele sequer se despediu? Nem mesmo um recado? Então foi apenas isso? Um encontro casual sem significado? Talvez fosse melhor assim. Talvez o destino tivesse facilitado as coisas ao tirá-lo de cena antes que ela cometesse o erro de se envolver demais. Mas não tinha tempo para pensar nisso agora. Primeiro dia de trabalho. Ela saltou da cama, pegou seu vestido jogado no chão e o vestiu às pressas. Sequer teve tempo de se olhar no espelho antes de sair do quarto e correr para o elevador. ——————————————————————— O Encontro Inesperado O ambiente da sala de reuniões era impecável. O tipo de lugar onde poder e dinheiro circulavam em silêncio, impressos nos ternos bem cortados e nas expressões sérias dos executivos sentados ao redor da grande mesa de vidro. Isadora tentou acalmar a respiração. Mantenha o foco. Você está aqui para trabalhar. Ela ajeitou o blazer, manteve a postura ereta e se concentrou nos rostos ao seu redor. Mas, no instante em que a porta se abriu e uma voz grave cortou o ambiente, o ar ficou carregado. — Bom dia a todos. O mundo parou. Ela ergueu os olhos. E ali estava ele. Dominic. O choque foi imediato. Ele parecia ainda mais imponente do que na noite passada, vestindo um terno perfeitamente alinhado ao corpo que ela conhecia tão bem. O mesmo homem que a havia consumido por completo algumas horas atrás. Ele passou os olhos pelo ambiente, cumprimentando os presentes com um olhar calculado e autoritário. Mas então, seu olhar encontrou o dela. Isadora sentiu o impacto no peito. Dominic ficou imóvel por um segundo. Isadora. Aqui. Na minha empresa. O destino tinha um senso de humor afiado. Na noite passada, ela era apenas um enigma delicioso que ele queria decifrar entre os lençóis. Agora, estava ali, sentada entre os novos funcionários, vestindo um blazer impecável, os lábios ligeiramente entreabertos em um misto de surpresa e tensão. Ela tentava disfarçar, mas ele percebeu. Percebeu quando os dedos dela apertaram o bloco de anotações, quando sua respiração ficou um pouco mais rápida, quando ela desviou o olhar rápido demais, como se tentasse fingir que não o conhecia. Fingir que não havia gemido meu nome algumas horas atrás. Dominic escondeu um sorriso. Isso vai ser interessante. Ele deslizou as mãos pelos bolsos do paletó e falou, mantendo o tom profissional, mas com um brilho provocador nos olhos. — Sejam bem-vindos. Espero que essa parceria seja produtiva. Isadora sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Dominic olhou para ela uma última vez, como se dissesse sem palavras: Isso vai ser divertido. E naquele momento, ela soube… estava perdida. ——————————————————————— A Tensão Cresce Dominic se moveu com a mesma confiança de sempre, ocupando seu lugar à cabeceira da mesa. Mas, por dentro, ele ainda sentia o choque da descoberta. Isadora. Ele se lembrava do gosto da pele dela, do som da sua voz rouca de prazer, do modo como ela o puxava para mais perto a cada investida. E agora tenho que agir como se não soubesse exatamente o que a faz perder o controle. Uma tortura. Mas uma tortura deliciosa. Isadora, por sua vez, tentava respirar fundo e focar na reunião. Mas era impossível. O ar estava denso demais. A presença dele era esmagadora, intoxicante. Ela sentia o olhar de Dominic sobre ela como um toque invisível, queimando sua pele, reacendendo cada sensação que tentou enterrar ao sair correndo do hotel. Ela se xingou mentalmente. Por que justo ele? Sentiu um calor indesejado subir pelo pescoço. Ele estava sentado a poucos metros de distância, observando-a como um caçador que já sabia o gosto da presa. E eu sou a porra da presa. O problema era que, por mais que tentasse, seu corpo ainda o desejava. Ela cruzou as pernas, se ajeitou na cadeira, tentando ignorar as memórias do toque firme dele, das mãos explorando sua pele com domínio absoluto. E então, sentiu. Um olhar. Lentamente, ergueu os olhos e encontrou os dele. Dominic a observava com um sorriso discreto, como se estivesse se divertindo ao vê-la lutar contra o desejo. Seus olhos escuros percorreram o rosto dela, depois deslizaram lentamente pelo corpo, até onde sua saia cobria as coxas cruzadas. Ela engoliu em seco. Dominic arqueou uma sobrancelha, quase imperceptível. Ainda sentindo os efeitos da noite passada, gatinha? O olhar dele era uma promessa. Isso não acabou. Isadora sentiu o coração martelar contra as costelas. Precisava de ar. Precisava de distância. Mas, acima de tudo, precisava resistir. Dominic, no entanto, já havia decidido. Ela pode lutar o quanto quiser. Mas no final, Isadora será minha.Os dias seguintes foram um verdadeiro teste para Isadora.Ela sempre soube separar a vida pessoal da profissional, mas agora, o universo parecia decidido a desafiá-la. Trabalhar sob a mesma estrutura que Dominic transformava cada instante em um jogo perigoso de controle.A cada passo nos corredores da empresa, sentia o olhar dele sobre si. A cada reunião, a voz grave e firme de Dominic ecoava como uma corrente elétrica por sua pele. Ele não precisava tocar nela para dominá-la—seu simples olhar já fazia isso.Mas Isadora não cederia.Dominic era um desafio, sim, mas não um que ela pudesse se permitir perder.Ela tentou manter-se ocupada. Participou de reuniões importantes, entregou projetos impecáveis e conquistou a confiança de colegas e superiores rapidamente. Era inteligente, ambiciosa e determinada a crescer.Porém, toda vez que sentia que estava recuperando o controle, Dominic surgia para bagunçar tudo novamente.Naquela manhã, ao sair da sala de reuniões, ela sentiu uma presença
A noite já havia se instalado por fora, mas dentro do escritório da empresa, a escuridão dava lugar a uma luz suave, quase melancólica, que invadia a sala de Isadora. Ela estava sozinha, concentrada em terminar os últimos ajustes de um relatório importante. A sala silenciosa, iluminada apenas por um abajur de luz amarelada e pelo brilho distante dos postes da cidade, parecia um refúgio onde o tempo se diluía.Enquanto organizava os documentos espalhados pela mesa, Isadora sentia o cansaço se misturar com uma inquietude inexplicável. O tumulto dos últimos dias ainda ressoava em sua mente — as lembranças da noite anterior, a intensidade do toque de Dominic, e aquele olhar penetrante que a assombrava, mesmo agora. Ela sabia que, apesar de todo seu esforço para manter a racionalidade, o desejo e a tensão entre ela e Dominic não eram mais meras lembranças, mas sim uma realidade presente.De repente, o som da porta se abrindo interrompeu seus pensamentos. Ela não precisou levantar os olhos
Isadora estava em seu escritório, olhando para a tela do computador. Os gráficos e relatórios se embaralhavam diante de seus olhos, como se estivessem zombando de sua tentativa de manter o foco. O ponteiro do mouse pairava sobre o mesmo gráfico havia minutos, mas sua mente estava longe — muito longe dali.Dominic.Ele invadia seus pensamentos como uma tempestade repentina. Um sopro de lembrança e ela se pegava sentindo o toque dos olhos dele sobre sua pele, como se ele estivesse ali, mesmo quando não estava. E quando estava… tudo piorava.Ela havia enfrentado desafios maiores em sua vida. Isadora não era do tipo que se deixava abalar por emoções passageiras — ou ao menos não era, até Dominic surgir. O problema é que ele não parecia passageiro. Ele era presença, intensidade e… ameaça.Havia algo nos olhos dele que a desequilibrava. Uma certeza, um controle, como se já soubesse que, cedo ou tarde, ela cederia. Mas ela não podia. Não devia. Ela tinha construído sua carreira com esforço,
No escritório, Isadora mergulhava nos relatórios e se mantinha ocupada com reuniões intermináveis. Era sua forma de manter a sanidade — e de manter Dominic à distância. A presença dele se tornava mais sufocante a cada dia, como uma sombra que a seguia, silenciosa e insinuante.Ela tentava racionalizar. Era apenas um homem. Um colega. Um obstáculo profissional. Mas, mesmo sabendo disso, sentia seu corpo reagir de forma traiçoeira sempre que o via. A tensão entre eles crescia como eletricidade no ar antes de uma tempestade. Um olhar bastava para que todo o seu autocontrole fosse testado.Naquela manhã, ao entrar na sala de reuniões, sentiu os olhos dele imediatamente. Dominic já estava ali, sentado à cabeceira, a postura confiante e aquele sorriso discreto nos lábios, como se soubesse de algo que mais ninguém sabia. Ele a acompanhou com o olhar enquanto ela cruzava a sala, e Isadora precisou de toda a sua força para manter a compostura.Ela se sentou, abriu sua pasta e deu início à apre
Os dias seguintes foram um teste constante para Isadora.Ela mergulhava em planilhas, participava de reuniões estratégicas, comandava sua equipe com firmeza — tudo para tentar afastar a lembrança do calor da respiração de Dominic tão perto da sua pele. Mas ele estava lá. Sempre. À espreita. Como se soubesse exatamente quando ela estava vulnerável.Dominic, por sua vez, estava ficando inquieto. O jogo que antes era apenas uma provocação divertida agora se tornava uma obsessão silenciosa. Isadora não saía de sua mente. Ele tentava manter o foco nos negócios, nos relatórios que exigiam sua atenção, mas a lembrança dela — os olhos desafiadores, o corpo tenso, os lábios que tremiam entre o desejo e o autocontrole — o consumia.Ele sabia que estava cruzando limites. Sabia também que quanto mais ela resistia, mais ele a desejava. Mas havia algo mais profundo ali. Uma mulher como Isadora não era só um desafio. Ela era uma tempestade. E ele estava cada vez mais disposto a ser levado por ela.N
O fim de semana chegou como um suspiro aliviado para Isadora. Ela precisava de distância. Do trabalho. De Dominic. De si mesma.Passou o sábado inteiro em casa, evitando ligações, ignorando mensagens e tentando preencher o tempo com coisas mundanas: lavou roupas, reorganizou livros, preparou um jantar elaborado só para si. Mas nada parecia suficiente para calar os pensamentos que martelavam em sua cabeça.Dominic.Ele era como uma febre que não passava. Um pensamento constante, que se infiltrava em cada espaço vazio de sua mente. Era frustrante, irritante e, acima de tudo, inevitável.Na manhã de domingo, ela decidiu sair para caminhar no parque. O céu estava nublado, o ar levemente úmido, e a tranquilidade do lugar parecia o oposto exato do caos interno que ela vivia. Caminhou por mais de uma hora, respirando fundo, tentando encontrar equilíbrio.Mas então, seu celular vibrou.Dominic.“Podemos conversar? Só conversar. Juro.”Ela ficou parada por um longo tempo, olhando para a mensag
A semana começou com um silêncio inquietante.Isadora entrou na empresa com a cabeça erguida e o coração acelerado. Desde o encontro no café, ela não trocara uma palavra sequer com Dominic. Não respondeu suas mensagens. Não buscou por ele nos corredores. Estava decidida a manter distância. Precisava provar a si mesma que ainda tinha o controle.Mas bastou entrar no elevador e vê-lo ali, de terno cinza escuro e o olhar cravado nela, para perceber o quanto sua decisão era frágil.Eles ficaram em silêncio. O espaço fechado parecia menor do que de costume, e o ar se tornava mais denso a cada andar que passava. O perfume dele, amadeirado e marcante, a envolvia como uma lembrança viva daquela confissão no café.Dominic, por sua vez, se manteve imóvel, mas atento. Observava cada movimento dela com discrição: os dedos apertando levemente a alça da bolsa, a respiração controlada, o maxilar tenso. Ele respeitaria o espaço que ela pediu. Mas isso não significava desistir.Quando o elevador parou
Isadora passou os dias seguintes mergulhada em silêncio. Trabalhar era a única coisa que a mantinha à tona. Evitava Dominic com precisão cirúrgica — agendava reuniões em horários distintos, pedia a outros colegas para representá-la em encontros em que sabia que ele estaria presente. Era uma dança cuidadosa, milimetricamente calculada, como se a proximidade com ele fosse uma corda bamba estendida sobre um abismo.Mas, mesmo mantendo distância física, ele habitava sua mente.Ela pensava nele enquanto revisava contratos, ao pegar seu café da manhã, quando se olhava no espelho antes de dormir. Pensava em como ele a olhava, em como falava com ela, no som da sua respiração quando se aproximava demais. Aquilo era enlouquecedor.No meio da semana, decidiu sair mais cedo do escritório. Precisava de ar, precisava da liberdade que só a cidade noturna oferecia. Caminhou pelas ruas como se procurasse respostas em vitrines acesas, em rostos desconhecidos, em passos apressados.Parou em frente a um