O salão do hotel cinco estrelas estava tomado por uma atmosfera sofisticada. Lustres de cristal pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre taças de champanhe e risos abafados. O som suave do jazz preenchia o ambiente, enquanto os convidados transitavam entre conversas e olhares discretos.
Isadora nunca foi do tipo que se deixava envolver por ambientes luxuosos, mas ali estava ela, sentada no bar do salão principal, observando as pessoas ao redor com um leve toque de desinteresse. Sua taça de vinho descansava entre seus dedos, e ela girava o líquido suavemente, perdida em pensamentos. Aquela noite não era diferente de tantas outras. Eventos de gala, reuniões sofisticadas, festas luxuosas… Tudo fazia parte do mundo empresarial, e ela já estava acostumada. Mas havia algo diferente naquela noite, uma tensão no ar que ela não conseguia ignorar. Foi então que o sentiu. O olhar intenso queimando sobre sua pele. Isadora ergueu os olhos e encontrou os dele. Do outro lado do salão, um homem alto e absurdamente charmoso a observava com um copo de uísque na mão. Trajava um terno impecável, ajustado ao corpo forte, e sua postura exalava confiança. Mas o que realmente a fez prender a respiração foi a forma como ele a olhava—como se já a possuísse, como se soubesse exatamente o que fazer para tê-la em suas mãos. Ela desviou o olhar, tentando ignorar a eletricidade que percorreu sua espinha, mas era tarde demais. A conexão já estava feita. Dominic Montgomery sabia o efeito que causava nas mulheres, e Isadora não era exceção. Ele percebeu a hesitação dela e sorriu de lado, se aproximando devagar. Quando se sentou ao lado dela no bar, o perfume amadeirado invadiu seus sentidos. — Você parece deslocada. — A voz dele era grave, levemente rouca. Isadora arqueou uma sobrancelha, girando a taça de vinho nos dedos. — E você parece convencido. Dominic riu baixo, encantado com a resposta afiada. Ele adorava um desafio, e Isadora parecia ser exatamente isso. — Talvez um pouco. Mas não significa que estou errado. Ela virou-se para encará-lo, permitindo-se finalmente observá-lo de perto. O maxilar marcado, os olhos azuis penetrantes, os lábios bem desenhados… Ele era o tipo de homem que deixava um rastro de corações partidos por onde passava. E ela não seria mais uma. — O que faz aqui? — Ela perguntou, cruzando as pernas com elegância. Dominic bebeu um gole do uísque antes de responder. — Trabalho. E você? — O mesmo. Eles não trocaram sobrenomes, não fizeram perguntas demais. Apenas conversaram, bebendo lentamente, enquanto a tensão entre eles crescia a cada segundo. Até que Dominic se inclinou um pouco mais para perto. — Tenho um quarto aqui no hotel. A provocação estava clara em sua voz. Isadora sustentou o olhar dele, sentindo o corpo aquecer com aquela oferta não dita. Ela deveria dizer não. Deveria levantar-se e ir embora. Mas, ao invés disso, deu um último gole no vinho e sorriu de canto. — Me mostre onde fica. O olhar de Dominic escureceu. Ele se levantou, oferecendo a mão a ela, e Isadora a aceitou sem hesitar. Atravessaram o salão sem pressa, mas a energia entre eles era densa, carregada de desejo. O elevador os levou até o último andar, e, assim que a porta do quarto se fechou atrás deles, Dominic a puxou para si, tomando seus lábios em um beijo faminto. O resto da noite foi uma mistura de pele, gemidos abafados e prazer. Eles não precisavam de nomes. Naquela noite, eram apenas dois corpos, duas vontades insaciáveis. E nenhum dos dois sabia que, no dia seguinte, tudo mudaria.O cheiro dele ainda estava nos lençóis.Isadora despertou lentamente, sentindo o corpo pesado, relaxado, como se tivesse sido consumida por horas a fio—e foi. Cada músculo pulsava com a lembrança da noite anterior. O calor da pele dele ainda parecia impregnado na dela, como se Dominic tivesse deixado marcas invisíveis que nem o banho mais demorado conseguiria apagar.Ela virou na cama, esticando a mão no lençol amassado ao lado. Frio. Vazio.Abriu os olhos de repente, piscando contra a luz suave que entrava pelas cortinas luxuosas do quarto do hotel. O relógio digital no criado-mudo piscava um número que a fez prender a respiração.8h47.O coração disparou. Merda!Ela sentou-se na cama de uma vez, o lençol deslizando por sua pele nua enquanto olhava ao redor. Onde ele está? Não havia sinal de Dominic. Nenhum barulho no banheiro. Nenhuma peça de roupa dele espalhada pelo chão. Nenhum bilhete deixado no travesseiro. Nada além das memórias febris da noite passada.Uma irritação inesperad
Os dias seguintes foram um verdadeiro teste para Isadora.Ela sempre soube separar a vida pessoal da profissional, mas agora, o universo parecia decidido a desafiá-la. Trabalhar sob a mesma estrutura que Dominic transformava cada instante em um jogo perigoso de controle.A cada passo nos corredores da empresa, sentia o olhar dele sobre si. A cada reunião, a voz grave e firme de Dominic ecoava como uma corrente elétrica por sua pele. Ele não precisava tocar nela para dominá-la—seu simples olhar já fazia isso.Mas Isadora não cederia.Dominic era um desafio, sim, mas não um que ela pudesse se permitir perder.Ela tentou manter-se ocupada. Participou de reuniões importantes, entregou projetos impecáveis e conquistou a confiança de colegas e superiores rapidamente. Era inteligente, ambiciosa e determinada a crescer.Porém, toda vez que sentia que estava recuperando o controle, Dominic surgia para bagunçar tudo novamente.Naquela manhã, ao sair da sala de reuniões, ela sentiu uma presença
A noite já havia se instalado por fora, mas dentro do escritório da empresa, a escuridão dava lugar a uma luz suave, quase melancólica, que invadia a sala de Isadora. Ela estava sozinha, concentrada em terminar os últimos ajustes de um relatório importante. A sala silenciosa, iluminada apenas por um abajur de luz amarelada e pelo brilho distante dos postes da cidade, parecia um refúgio onde o tempo se diluía.Enquanto organizava os documentos espalhados pela mesa, Isadora sentia o cansaço se misturar com uma inquietude inexplicável. O tumulto dos últimos dias ainda ressoava em sua mente — as lembranças da noite anterior, a intensidade do toque de Dominic, e aquele olhar penetrante que a assombrava, mesmo agora. Ela sabia que, apesar de todo seu esforço para manter a racionalidade, o desejo e a tensão entre ela e Dominic não eram mais meras lembranças, mas sim uma realidade presente.De repente, o som da porta se abrindo interrompeu seus pensamentos. Ela não precisou levantar os olhos
Isadora estava em seu escritório, olhando para a tela do computador. Os gráficos e relatórios se embaralhavam diante de seus olhos, como se estivessem zombando de sua tentativa de manter o foco. O ponteiro do mouse pairava sobre o mesmo gráfico havia minutos, mas sua mente estava longe — muito longe dali.Dominic.Ele invadia seus pensamentos como uma tempestade repentina. Um sopro de lembrança e ela se pegava sentindo o toque dos olhos dele sobre sua pele, como se ele estivesse ali, mesmo quando não estava. E quando estava… tudo piorava.Ela havia enfrentado desafios maiores em sua vida. Isadora não era do tipo que se deixava abalar por emoções passageiras — ou ao menos não era, até Dominic surgir. O problema é que ele não parecia passageiro. Ele era presença, intensidade e… ameaça.Havia algo nos olhos dele que a desequilibrava. Uma certeza, um controle, como se já soubesse que, cedo ou tarde, ela cederia. Mas ela não podia. Não devia. Ela tinha construído sua carreira com esforço,
No escritório, Isadora mergulhava nos relatórios e se mantinha ocupada com reuniões intermináveis. Era sua forma de manter a sanidade — e de manter Dominic à distância. A presença dele se tornava mais sufocante a cada dia, como uma sombra que a seguia, silenciosa e insinuante.Ela tentava racionalizar. Era apenas um homem. Um colega. Um obstáculo profissional. Mas, mesmo sabendo disso, sentia seu corpo reagir de forma traiçoeira sempre que o via. A tensão entre eles crescia como eletricidade no ar antes de uma tempestade. Um olhar bastava para que todo o seu autocontrole fosse testado.Naquela manhã, ao entrar na sala de reuniões, sentiu os olhos dele imediatamente. Dominic já estava ali, sentado à cabeceira, a postura confiante e aquele sorriso discreto nos lábios, como se soubesse de algo que mais ninguém sabia. Ele a acompanhou com o olhar enquanto ela cruzava a sala, e Isadora precisou de toda a sua força para manter a compostura.Ela se sentou, abriu sua pasta e deu início à apre
Os dias seguintes foram um teste constante para Isadora.Ela mergulhava em planilhas, participava de reuniões estratégicas, comandava sua equipe com firmeza — tudo para tentar afastar a lembrança do calor da respiração de Dominic tão perto da sua pele. Mas ele estava lá. Sempre. À espreita. Como se soubesse exatamente quando ela estava vulnerável.Dominic, por sua vez, estava ficando inquieto. O jogo que antes era apenas uma provocação divertida agora se tornava uma obsessão silenciosa. Isadora não saía de sua mente. Ele tentava manter o foco nos negócios, nos relatórios que exigiam sua atenção, mas a lembrança dela — os olhos desafiadores, o corpo tenso, os lábios que tremiam entre o desejo e o autocontrole — o consumia.Ele sabia que estava cruzando limites. Sabia também que quanto mais ela resistia, mais ele a desejava. Mas havia algo mais profundo ali. Uma mulher como Isadora não era só um desafio. Ela era uma tempestade. E ele estava cada vez mais disposto a ser levado por ela.N
O fim de semana chegou como um suspiro aliviado para Isadora. Ela precisava de distância. Do trabalho. De Dominic. De si mesma.Passou o sábado inteiro em casa, evitando ligações, ignorando mensagens e tentando preencher o tempo com coisas mundanas: lavou roupas, reorganizou livros, preparou um jantar elaborado só para si. Mas nada parecia suficiente para calar os pensamentos que martelavam em sua cabeça.Dominic.Ele era como uma febre que não passava. Um pensamento constante, que se infiltrava em cada espaço vazio de sua mente. Era frustrante, irritante e, acima de tudo, inevitável.Na manhã de domingo, ela decidiu sair para caminhar no parque. O céu estava nublado, o ar levemente úmido, e a tranquilidade do lugar parecia o oposto exato do caos interno que ela vivia. Caminhou por mais de uma hora, respirando fundo, tentando encontrar equilíbrio.Mas então, seu celular vibrou.Dominic.“Podemos conversar? Só conversar. Juro.”Ela ficou parada por um longo tempo, olhando para a mensag
A semana começou com um silêncio inquietante.Isadora entrou na empresa com a cabeça erguida e o coração acelerado. Desde o encontro no café, ela não trocara uma palavra sequer com Dominic. Não respondeu suas mensagens. Não buscou por ele nos corredores. Estava decidida a manter distância. Precisava provar a si mesma que ainda tinha o controle.Mas bastou entrar no elevador e vê-lo ali, de terno cinza escuro e o olhar cravado nela, para perceber o quanto sua decisão era frágil.Eles ficaram em silêncio. O espaço fechado parecia menor do que de costume, e o ar se tornava mais denso a cada andar que passava. O perfume dele, amadeirado e marcante, a envolvia como uma lembrança viva daquela confissão no café.Dominic, por sua vez, se manteve imóvel, mas atento. Observava cada movimento dela com discrição: os dedos apertando levemente a alça da bolsa, a respiração controlada, o maxilar tenso. Ele respeitaria o espaço que ela pediu. Mas isso não significava desistir.Quando o elevador parou