A estrada era de terra batida, ladeada por árvores tão antigas que pareciam vigiar o caminho.
O carro avançava devagar, como se cada metro o levasse não só ao destino físico, mas também a um tempo que Helena nunca viveu — mas que, de alguma forma, a pertencia.
Leonardo dirigia em silêncio, os olhos atentos.
— Tem certeza de que quer fazer isso? — ele perguntou.
— Absoluta. Eu preciso saber por que fui criada. Por que minha vida foi moldada desde o início. Eu preciso ver com meus próprios olhos o berço do monstro.
A casa surgiu diante deles como um espectro.
Era velha, feita de madeira escurecida pela chuva e pelo tempo. As janelas estavam trancadas com tábuas, mas uma porta lateral permanecia entreaberta. Parecia... esperar por ela.
Helena desceu primeiro.
Um cheiro de mofo, terra úmida e lembrança invadiu suas narinas. Ela apertou o casaco ao corpo. Leonardo a seguiu, atento, com a mão próxima à cintura — onde levava sua arma escondida.
— Vamos juntos — disse ele.
— Não. Eu entro soz