— Srta. Marília.
Marília voltou a si com o chamado e ergueu o olhar para a pessoa à sua frente.
A antiga menina doce e frágil já não exibia aquele sorriso radiante e dependente no rosto. A expressão dela agora era fria e distante.
Nair enxugou as lágrimas e, com a voz embargada, implorou:
— Srta. Marília, a senhora sabe que me divorciei há muitos anos. Durante todo esse tempo, criei meu filho sozinha, e não foi nada fácil. Eu pensei que, quando ele crescesse e se casasse, eu finalmente teria uma vida tranquila... Mas quem poderia imaginar... Quem poderia imaginar que uma desgraça dessas recairia sobre o meu filho? Ele é a razão da minha vida. Se acontecer alguma tragédia com ele, eu também não quero mais viver...
— Você sabe sobre o aborto que minha mãe sofreu, não é?
O rosto de Nair enrijeceu por um instante.
Olhando para Marília, ela balançou a cabeça quase por reflexo e chegou a abrir a boca, mas, antes que as palavras saíssem, ouviu a voz firme diante dela:
— A questão da cirurgia