Quando Ava fechou a porta do quarto atrás de si, suspirou fundo. O corpo inteiro pedia descanso, mas a cabeça latejava de tanta coisa que havia acontecido em tão pouco tempo.
— Agora sabe o que eu vou fazer, Carlinha? — disse, jogando os cabelos para trás e apoiando-se na porta. — Vou tomar meu banho, depois vou ver a mamãe. Você já preparou o jantar, daqui a pouco o papai está chegando. Aí eu janto e estudo.
A irmã sorriu, já acostumada com o jeito dela de falar como se fosse uma lista de afazeres, mas ao mesmo tempo um discurso. Ava era assim: prática, mas cheia de reflexões.
O chuveiro foi um alívio. A água quente escorria como se levasse embora não só a poeira do trabalho, mas também as mágoas do dia. Enquanto passava o sabonete nos braços e nas pernas, ela pensava:
"Eu sou faxineira, sim. Por enquanto. Mas cada gota de suor que eu derramo agora é um investimento no meu futuro. Não sou escrava de ninguém, não. Não sou objeto de capri