Ava fechou a porta do escritório atrás de si com firmeza, respirando fundo, como se precisasse expulsar o veneno que ainda pairava no ar depois do confronto. O corredor parecia mais leve do que aquela sala carregada, mas dentro dela o coração pulsava acelerado.
Meu Deus do céu... como é que a dona Clarice aguentou esse homem durante tantos anos? — pensou, mordendo o lábio. Como é que uma mulher forte, inteligente, educada, pode se submeter a alguém tão desagradável, tão frio, tão sem caráter? Ele faz questão de mostrar que não tem valores, que não respeita ninguém, nem a própria família. E mesmo assim ela permaneceu ao lado dele... quantas noites de lágrimas, quantos silêncios pesados essa mulher deve ter suportado...O aperto no peito veio acompanhado de uma pontada de indignação. A lembrança da mãe, sempre com as mãos calejadas, sempre exausta, mas nunca se queixando, atravessou-lhe a mente como um espelho da própria dona Clarice. Quantas mulheres não são prision