O final do dia chegou pesado, mas também estranho, quase leve. Adam já não sentia aquele fogo corroendo no estômago, aquela ansiedade que sempre o puxava para o clube como um vício disfarçado de prazer. Era como se algo estivesse mudando por dentro — mas junto com a calma, vinha uma sensação amarga de sujeira.
No carro, a caminho da terapeuta, ele recostou a cabeça no encosto e fechou os olhos. Eu não sinto mais a necessidade de estar lá… mas eu me sinto imundo. Cada lembrança, cada ordem dada, cada submissa que se ajoelhou diante de mim… eu vejo o rosto do meu pai por trás da cena. E isso me consome.Quando chegou à clínica, cumprimentou a recepcionista com educação, mas sem sorriso. Esperou pouco até ser chamado. Ao entrar, sentou-se no mesmo sofá de sempre, mas dessa vez o corpo não pesava de cansaço físico, e sim de confissões guardadas.A terapeuta, sempre calma, inclinou-se levemente para frente.— Boa tarde, Adam. Como você está se sentindo hoje