Adam chegou alguns minutos antes do horário marcado. O motorista o deixou em frente ao prédio elegante, uma fachada de vidro e linhas sóbrias, onde o letreiro discreto não denunciava a especialidade de quem atendia ali dentro. Ele entrou sozinho, carregando uma pasta de couro sob o braço e o diário que havia começado a escrever dois dias atrás. Sentia-se um pouco diferente por trazer aquilo — um caderno simples, capa preta, mas que representava um esforço íntimo de se observar.
Enquanto aguardava na recepção, sentou-se numa poltrona clara e, por um momento, fechou os olhos. O silêncio da sala de espera era cortado apenas pelo som suave da água correndo numa fonte decorativa. Respirou fundo. Três noites sem ir ao clube. Para ele, parecia um milagre e uma tortura ao mesmo tempo. Cada noite em branco, cada insônia vencida apenas com os comprimidos prescritos pela psiquiatra, era uma batalha silenciosa.
“É estranho…”, pensou consigo mesmo, “não sinto o mesmo