Eu ainda sentia o anel quente no dedo quando percebi a ruiva. Não foi uma visão discreta: foi uma mão pousada no ombro do meu noivo, um riso fácil, aquele tipo de toque que quer dizer “isso já foi meu” como se o passado fosse um crachá. Senti o estômago virar uma onda de tédio e desprezo.
— Tira a mão do que é meu — falei devagar, com a voz de quem está medindo a largura de uma ponte que vai atravessar.A ruiva me olhou como quem olha para uma nota de baixo valor num bolso alheio. Chegou mais perto, com cara de quem ganhou coragem do álcool e de olhares complacentes. E então resolveu falar.— Eu conheço o Adam de longa data — disse ela, apontando para o meu noivo como se me entregasse um troféu usado. — A gente se via por aí, sabe como é.Sorri com vontade de cortar com tesoura. Aquela era a mesma boca que meses atrás mandava mensagens insinuantes, lembranças que nem me interessaram. Era quase engraçado — se não fosse patético.— De onde