O PLANO DE ADAM
O carro seguia pela avenida e, por mais que eu tentasse focar no trânsito, as palavras dela ecoavam dentro de mim como um hino: “Vai ser o meu primeiro beijo sério de namorada”. Aquilo não era só uma frase. Era um voto de confiança. Era um presente.Um calor subiu pelo meu peito. Senti a palma da mão suar no volante e, pela primeira vez em muito tempo, uma certeza cristalina se instalou: era comigo que ela queria viver isso. Não um jogo, não um experimento. Um começo.Enquanto ela falava animada sobre o filme, sobre a pipoca, eu mergulhava em silêncio dentro de mim. Não vou deixar passar. Chegou a hora de agir como um homem.“Primeiro beijo”, pensei. “Primeiro beijo e… o anel”. Era como se a própria terapeuta estivesse dentro da minha cabeça, repetindo o conselho de sempre: ‘Assuma o que sente, pare de agir como adolescente, pare de brincar de esconder’.Olhei para ela de relance. Cabelo preso num rabo de cavalo, a blusa