Mundo de ficçãoIniciar sessãoA Manhã Seguinte
O despertador tocou às seis da manhã, e Opal sentiu um aperto no coração. — Do outro lado da cama — o canto onde seu pai costumava deixar as roupas — estava vazio, o silêncio pairava em casa, e não havia nenhum sinal dele. — Sua garganta se construiu em um nó à medida que ela se levantou rapidamente e foi até a sala, onde o silêncio persistia. — A garrafa de água permanecia em seu lugar, e a xícara dele estava intacta. — A porta da rua estava fechada, o pai não havia voltado. — Papai… — murmurou para si mesma, onde você esteve a noite toda? Seguindo o ritual que tentava manter desde a morte da mãe, Opal começou a arrumar a mesa do café. — Preparou café fresco, retirou biscoitos da lata e colocou um prato e um copo de suco — um esforço constante, mesmo quando ele não merecia. — Cada movimento era carregado de nostalgia e esperança, como se, ao preparar aquele café da manhã, ela pudesse trazer seu pai de volta ao que eles haviam sido antes da tragédia. Estava prestes a pegar a mochila quando ouviu passos na calçada. — Ao abrir a porta, encontrou Mattia caminhando devagar, exausto. — Seus olhos estavam inchados, as mãos sujas de produto de limpeza, e suas roupas estavam amassadas e molhadas nos joelhos. — Ele parecia ter envelhecido em uma única noite. — Papai… você… você não voltou ontem! Ele respirou fundo, tentando aparentar orgulho, apesar do estado em que se encontrava. —Um sorriso fraco tentava despontar em seu rosto, mas sua expressão traía a preocupação que o consumia. — Eu trabalhei a noite toda, filha. Opal ficou estática, como se cada palavra dele a atingisse como um relâmpago. — Você… trabalhando? — A surpresa dela era genuína, uma mistura de incredulidade e temor, o pai sempre tinha falhado em assumir responsabilidades, e essa notícia poderia trazer tanto esperança quanto um novo desencanto. — Sim, trabalhando ele tentou sorrir, mas o esforço parecia mais um fardo do que um alívio. — Consegui um emprego, vou trabalhar de dia e a noite. O coração dela se suavizou, mas uma inquietação persistia, como uma balança pendendo entre a esperança e o medo de que ele voltasse a se perder. — Eu não acredito… — sussurrou, emocionada. — de verdade, papai? — Sim, minha filha, ele passou a mão pelo rosto, como se quisesse afastar a exaustão e a insegurança que o rodeavam. — Vim agora… vou dormir um pouco… depois voltarei para o trabalho. Opal deu um passo à frente, o impulso de se aproximar dele surgindo como uma onda de calor em um dia frio. — Você realmente está trabalhando? Mattia hesitou, mas decidiu manter a mentira, mesmo com a voz trêmula. — A dúvida em sua mente era como uma tempestade, e ele lutava para se manter à tona. — Sim, minha filha… estou trabalhando, ela sorriu pela primeira vez em muito tempo, a esperança iluminando seu rosto como um sol nascente após um longo inverno. — Que bom, papai, ela puxou a cadeira, seus olhos brilhando, o café está pronto, já estou indo. Tome café, e um banho e vá descansar um pouco. Ele assentiu lentamente, sentando-se com dificuldade, como se cada movimento exigisse um esforço monumental. — Você… pode me ligar às treze horas? — Para me acordar, preciso estar no trabalho às quatorze, só volto amanhã. — Claro que ligo, papai. — Ela ajeitou a bolsa no ombro, a determinação crescendo dentro dela. — Mas não esqueça de almoçar. — E leve seu jantar, tem comida pronta na geladeira, deixei separado. Mattia mordeu o lábio, sufocado pela culpa que pesava em seu peito, um fardo que parecia impossível de suportar. — Obrigado… minha filha… — Tchau, papai, — ela sorriu timidamente, um brilho de esperança substituindo a tristeza, descanse. E assim, ela saiu para o trabalho, acreditando que seu pai finalmente havia mudado. — Ela quase deixou a blusa cair, a tensão aumentando a cada segundo. — S-sim, sou eu… — O senhor Sttorn pediu que, assim que terminar seu expediente na loja, você venha até o Hotel Sttorn, torre executiva, 34º andar. — Ele já definiu sua função e deseja conversar pessoalmente com você. Opal piscou inúmeras vezes, nervosa, enquanto seu coração acelerava e a ansiedade a dominava. — Claro… eu vou sim, muito obrigada. — Ele estará aguardando. Tenha uma boa tarde. A ligação caiu, Opal ficou parada no corredor da loja, abraçando a pasta de relatórios e tentando controlar a respiração. —Atticus Sttorn queria vê-la novamente, e ele já decidiu seu destino, como se os fios de sua vida estivessem sendo puxados por mãos invisíveis. — Ela se perguntava se isso era um sinal de esperança ou o início do fim; a incerteza em seu coração era palpável, misturando-se com uma letargia que a seguia como sombra, o que ele queria dela? — E mais importante, o que ela esperava encontrar em sua reunião com ele?






