Mundo de ficçãoIniciar sessão“VOCÊ É MINHA PROPRIEDADE”
Opal chegou ao edifício Sttorn às 18h em ponto. O sol já se escondia entre os prédios altos, e o reflexo dourado obrigava-a a apertar os olhos enquanto caminhava até a porta giratória. As mãos tremiam. O coração batia no ritmo apressado de alguém que não sabia o que a esperava. A secretária, Lorraine, sorriu de forma profissional e discreta. — Senhorita Opal Dornel? Pode entrar, o senhor Sttorn à está esperando. Opal engoliu seco, agradeceu e caminhou até a porta de vidro fosco. Bateu duas vezes, delicada. — Entre. — a voz grave soou lá dentro. Ela empurrou a porta. Atticos Sttorn estava sentado à mesa de mármore preto, enorme, a sala inteira iluminada apenas pelo brilho das janelas. — Ele não sorriu. Não fez menção de ser gentil. Apenas observou — com aqueles olhos que pareciam enxergar mais do que ele dizia. — Boa noite, senhor… — ela respirou nervosa, apertando a bolsa contra o peito. — Me desculpe pelo horário… o metrô estava muito lotado. — Sente-se. — ele ordenou, sério. Ela obedeceu. Assim que ela se acomodou na cadeira, ele cruzou as mãos sobre a mesa. — Vamos ser diretos, Opal. O nome dela na boca dele pareceu afiado. — Ontem você veio aqui com um currículo. E o seu pai… — ele respirou fundo, irritado só de lembrar — …disse que você viria trabalhar para mim. Opal engoliu seco. — O senhor já sabe em que eu vou trabalhar? Posso começar hoje, se o senhor quiser. Ele ergueu a mão para que ela se calasse. — Escute o que eu vou lhe dizer com muita atenção. Seu pai… não lhe falou a verdade. O chão pareceu sumir sob os pés dela. Atticos abriu a gaveta, tirou um envelope grosso e o colocou sobre a mesa. — Você não foi enviada aqui para conseguir um emprego. Você foi entregue a mim como pagamento da dívida dele. Opal arregalou os olhos. — E-está dizendo que…? — Que você não veio aqui como candidata a trabalho — ele completou, frio. — Você veio como escrava. Uma lágrima caiu antes que ela conseguisse segurar. Ele empurrou o envelope para ela. — Abra. Ela abriu com mãos trêmulas. Dentro estava um contrato extenso, selado, assinado. — O nome dela do pai, e uma cláusula escrita com todas as letras: TRANSFERÊNCIA DE GUARDA, POSSE E TUTELA TOTAL. Quando Opal leu aquilo, o rosto dela perdeu a cor. — Ele… ele me entregou ao senhor… — Sim,— Atticos afirmou sem rodeios. — A partir de hoje, você é minha propriedade. Você me pertence. Ela começou a chorar. Ele não desviou os olhos, nem suavizou a voz. — Meu motorista à levará-la até sua casa. Você vai pegar apenas o que for necessário: documentos, algumas roupas, não precisa levar mais nada. —A partir de hoje, você vai mora na minha casa. Ela cobriu a boca com as mãos. — Eu… sou sua escrava? — Tecnicamente, sim. — ele respondeu. — Legalmente, você está sob minha tutela. — E o que você será para mim, Opal… eu ainda não decidi. A porta abriu, seu advogado entrou — um senhor grisalho, com pasta na mão. — Senhorita Dornel — ele cumprimentou, sentando ao lado. — Vou explicar juridicamente sua situação. Seu pai assinou um contrato de transferência total de tutela, guarda e direitos — algo juridicamente aceito em casos de dívidas de alto risco, principalmente quando há garantias pessoais envolvidas. Árticos inclinou a cabeça. — Continue. O advogado abriu o contrato. — A dívida não era cem mil dólares, como ele lhe disse. Seu pai devia um milhão de dólares ao senhor Sttorn. Opal arregalou mais ainda os olhos, chocada. O advogado prosseguiu: — No documento, sua pessoa foi declarada como garantia física da dívida, com transferência de tutela irrevogável. O senhor Sttorn tem total responsabilidade sobre sua moradia, saúde, educação e sobre cada decisão que envolva seu futuro. — Você não pode contatar seu pai sem autorização dele, nem deixar o endereço dele sem consentimento. Opal chorava em silêncio. Atticos se aproximou da mesa, apoiando os antebraços. — Como eu disse: você só falará com seu pai se eu permitir. Tudo que você quiser, tudo que você fizer, tudo que você sonhar em pedir… você vai reportar a mim. — Sou seu tutor agora. Ela soluçou. — Mas isso é errado… — É, — ele respondeu, sem piedade, — mas foi o seu pai quem lhe entregou. — E apenas aceitei. Ele se levantou. — O motorista a levará, em breve, você estará na minha casa. Ela ficou imóvel, perdida entre o medo e a incredulidade. Ele apenas virou as costas. — Levem-na.






