####CAPÍTULO 6

“VOCÊ É MINHA PROPRIEDADE”

Opal chegou ao edifício Sttorn às 18h em ponto.

O sol já se escondia entre os prédios altos, e o reflexo dourado obrigava-a a apertar os olhos enquanto caminhava até a porta giratória.

As mãos tremiam.

O coração batia no ritmo apressado de alguém que não sabia o que a esperava.

A secretária, Lorraine, sorriu de forma profissional e discreta.

— Senhorita Opal Dornel? Pode entrar, o senhor Sttorn à está esperando.

Opal engoliu seco, agradeceu e caminhou até a porta de vidro fosco.

Bateu duas vezes, delicada.

— Entre. — a voz grave soou lá dentro.

Ela empurrou a porta.

Atticos Sttorn estava sentado à mesa de mármore preto, enorme, a sala inteira iluminada apenas pelo brilho das janelas. — Ele não sorriu. Não fez menção de ser gentil. Apenas observou — com aqueles olhos que pareciam enxergar mais do que ele dizia.

— Boa noite, senhor… — ela respirou nervosa, apertando a bolsa contra o peito. — Me desculpe pelo horário… o metrô estava muito lotado.

— Sente-se. — ele ordenou, sério.

Ela obedeceu.

Assim que ela se acomodou na cadeira, ele cruzou as mãos sobre a mesa.

— Vamos ser diretos, Opal.

O nome dela na boca dele pareceu afiado.

— Ontem você veio aqui com um currículo. E o seu pai… — ele respirou fundo, irritado só de lembrar — …disse que você viria trabalhar para mim.

Opal engoliu seco.

— O senhor já sabe em que eu vou trabalhar? Posso começar hoje, se o senhor quiser.

Ele ergueu a mão para que ela se calasse.

— Escute o que eu vou lhe dizer com muita atenção.

Seu pai… não lhe falou a verdade.

O chão pareceu sumir sob os pés dela.

Atticos abriu a gaveta, tirou um envelope grosso e o colocou sobre a mesa.

— Você não foi enviada aqui para conseguir um emprego.

Você foi entregue a mim como pagamento da dívida dele.

Opal arregalou os olhos.

— E-está dizendo que…?

— Que você não veio aqui como candidata a trabalho — ele completou, frio. — Você veio como escrava.

Uma lágrima caiu antes que ela conseguisse segurar.

Ele empurrou o envelope para ela. — Abra.

Ela abriu com mãos trêmulas.

Dentro estava um contrato extenso, selado, assinado. — O nome dela do pai, e uma cláusula escrita com todas as letras:

TRANSFERÊNCIA DE GUARDA, POSSE E TUTELA TOTAL.

Quando Opal leu aquilo, o rosto dela perdeu a cor.

— Ele… ele me entregou ao senhor…

— Sim,— Atticos afirmou sem rodeios. — A partir de hoje, você é minha propriedade.

Você me pertence.

Ela começou a chorar.

Ele não desviou os olhos, nem suavizou a voz.

— Meu motorista à levará-la até sua casa.

Você vai pegar apenas o que for necessário: documentos, algumas roupas, não precisa levar mais nada. —A partir de hoje, você vai mora na minha casa.

Ela cobriu a boca com as mãos.

— Eu… sou sua escrava?

— Tecnicamente, sim. — ele respondeu. — Legalmente, você está sob minha tutela. —

E o que você será para mim, Opal… eu ainda não decidi.

A porta abriu, seu advogado entrou — um senhor grisalho, com pasta na mão.

— Senhorita Dornel — ele cumprimentou, sentando ao lado. — Vou explicar juridicamente sua situação.

Seu pai assinou um contrato de transferência total de tutela, guarda e direitos — algo juridicamente aceito em casos de dívidas de alto risco, principalmente quando há garantias pessoais envolvidas.

Árticos inclinou a cabeça. — Continue.

O advogado abriu o contrato.

— A dívida não era cem mil dólares, como ele lhe disse.

Seu pai devia um milhão de dólares ao senhor Sttorn.

Opal arregalou mais ainda os olhos, chocada.

O advogado prosseguiu:

— No documento, sua pessoa foi declarada como garantia física da dívida, com transferência de tutela irrevogável.

O senhor Sttorn tem total responsabilidade sobre sua moradia, saúde, educação e sobre cada decisão que envolva seu futuro.

— Você não pode contatar seu pai sem autorização dele, nem deixar o endereço dele sem consentimento.

Opal chorava em silêncio.

Atticos se aproximou da mesa, apoiando os antebraços.

— Como eu disse: você só falará com seu pai se eu permitir.

Tudo que você quiser, tudo que você fizer, tudo que você sonhar em pedir… você vai reportar a mim. — Sou seu tutor agora.

Ela soluçou.

— Mas isso é errado…

— É, — ele respondeu, sem piedade, — mas foi o seu pai quem lhe entregou. — E apenas aceitei.

Ele se levantou.

— O motorista a levará, em breve, você estará na minha casa.

Ela ficou imóvel, perdida entre o medo e a incredulidade.

Ele apenas virou as costas.

— Levem-na.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App