A noite desceu sobre Nice com um manto de brisa salgada e silêncio desconfortável. Camila estava sentada no terraço da mansão de Leonardo, de frente para o mar escuro, mas sua mente vagava por paisagens mais perigosas do que aquela vista encantadora. As palavras de Thomas ainda dançavam em sua cabeça como uma profecia: “Ele está morrendo… e os abutres estão circulando.”
Leonardo apareceu logo depois, com duas taças de vinho nas mãos e um olhar cansado. Ele se sentou ao lado dela, entregando uma das taças sem dizer nada.
Camila o agradeceu com um aceno mudo.
— Está pensando nele? — perguntou Leonardo, depois de alguns minutos de silêncio.
— Em todos eles — murmurou ela. — Meu pai, minha mãe, Thomas… Marcos. A cada passo que dou, descubro que sou feita de pedaços dos outros. Histórias que não escolhi viver. Heranças que nunca pedi.
Leonardo tocou levemente sua mão.
— Mas agora você está escrevendo sua própria história. E é isso que faz você perigosa.
Camila sorriu, sem humor.
— Perigosa