Camila sentia o peso das palavras da mãe como se ainda ecoassem no ar. “Você já sabe quem é. Agora, precisa escolher quem quer ser.”
Enquanto o sol nascia lá fora, ela vestiu a primeira roupa que encontrou, amarrou os cabelos e desceu as escadas com um único objetivo: acabar com a incerteza.
Ela ligou para Carolina no meio do caminho.
— Preciso de você comigo. Vamos a um lugar onde talvez tudo faça sentido.
— Que lugar?
— A clínica psiquiátrica onde Letícia ficou internada. Há respostas lá que ninguém quer que eu encontre.
A clínica São Rafael era afastada, cercada por pinheiros altos e um portão de ferro que rangia quando se abria. O ar ali era mais frio. As paredes pintadas em tons suaves não disfarçavam a dor impregnada no ambiente.
Carolina segurou firme a mão de Camila.
— Tem certeza disso?
— Não. Mas a dúvida dói mais que qualquer resposta.
Uma enfermeira de meia-idade as conduziu até a antiga ala de pacientes especiais. Letícia ficara ali por quase três anos, com registros lacr