Isabela estava sentada em sua almofada real, quando começou a revisar documentos que estavam “parados” há semanas — contratos antigos, notas fiscais, termos de exportação, digitava com firmeza, o som ritmado das teclas preenchendo o silêncio da sala. Seus olhos passavam rapidamente pelas colunas do relatório, os números alinhados ao lado de nomes que começavam a se repetir em demasia.
Karim Saegueh
Outra vez.
E outra.
Desde a prisão de Samir Nabhan — resultado direto de seu levantamento minucioso —, os rastros deixados por Karim vinham se tornando mais evidentes, mesmo que envoltos em camadas sutis de burocracia. Ao contrário de Samir, que era estabanado em suas falcatruas, Karim era meticuloso. Frio. Quase invisível.
Mas Isabela já começava a enxergar além da fumaça.
Ela se recostou por um instante, massageando a têmpora. As dores da noite anterior ainda ecoavam em seu corpo, mas sua mente estava mais afiada do que nunca.
“Não subestime alguém que já sobreviveu ao inferno”, pensou,